Imagem do Google |
No
decorrer do ano de 1928, dois anos depois do movimento sucedido de Gomes da
Costa, têm lugar as eleições presidenciais, onde é eleito Presidente da
República de Portugal o General Carmona, de resto candidato único das forças no
poder.
Por ocasião da formação do governo,
o Coronel Vicente de Freitas convida para a pasta das Finanças o Dr. António de
Oliveira Salazar, ex-seminarista, ex-secretário-geral do Centro Académico da
Democracia Cristã de Coimbra, monárquico simpatizante, suspeito de conspirar
contra a República em 1919, duas vezes candidato católico ao Parlamento e
professor da Universidade de Coimbra. Salazar, embora jovem, possuía já um
"curriculum" rico e polémico.
Oliveira Salazar aceitou então o
convite que lhe tinha sido dirigido pelo Coronel Vicente de Freitas, para a
pasta das Finanças, mostrando-se, desde logo, firme, seguro e determinado na
tarefa que se propunha levar a cabo, exigindo o direito de veto sobre quaisquer
despesas públicas.
Nos dias 20 e 21 de Julho de 1928, a
Resistência enceta algumas iniciativas de rebelião, nomeadamente através de
alguns elementos de Caçadores n.º 7 e Artilharia aquartelados no Castelo de S.
Jorge, em Lisboa, tendo, na altura, aderido também Setúbal e Entroncamento,
juntamente com civis armados, atacando as sedes de algumas unidades militares.
O titular da pasta das Finanças não
admite veleidades; nem reivindicações; nem partidos. O Governo deverá contar
apenas com a burguesia, com vista à sua estruturação, procurando criar um
"ESTADO NOVO" e forte. Nesta medida, o seu principal mentor defende o
nacionalismo, perfilhando ideias de Charles Maurras que, por sua vez, inspirara
também Benito Mussollini.
No ano de 1930, é publicado o
"Acto Colonial" onde se repudia vivamente a descentralização
administrativa das colónias. O "Estado Novo" cria seguidamente a
"União Nacional", que é anunciada ao País como sendo uma "associação
política" onde todos podem ter lugar independentemente das suas opções
político-ideológicas, desde que apologistas e defensores da ordem cívica e dos
"princípios consignados pelo Governo".
A Resistência não desarma e, no ano
de 1931, apercebendo-se das reais intenções do Governo, leva a cabo
levantamentos militares que se estendem ao longo de quatro semanas, na pessoa
de vários oficiais que tinham sido deportados para a Madeira, Açores e Guiné.
A "União Nacional", que
era afinal o partido do Governo, passa também a ser alvo de manifestações em
Lisboa, bem como de atentados à bomba. Os quartéis de “Metralhadoras n.º 1” e
“Artilharia n.º 3”, meses depois, são ocupados por oficiais revoltosos, aos
quais se juntaram vários civis armados.
Quem se opõe também ao novo regime
que começava já a criar raízes firmes é a "Aliança Republicana
Socialista", através do seu corpo directivo constituído pelos já então
notórios General Norton de Matos, Almirante Cabeçadas e Tito de Morais.
Pretendem, afinal, que o Presidente da República reconheça o partido e lhe seja
permitido participar na vida política oficial. Tudo em vão, no entanto.
É
ainda durante este ano que se publica o primeiro número do jornal
"Avante", órgão central do “Partido Comunista Português”, instituição
criada em 1921 e na clandestinidade desde 1926. (Continua)
Sem comentários:
Enviar um comentário