segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

LUZ DE PENUMBRA



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Por vezes só te vejo como quero
mesmo que tu só penses na cidade
cativa de calores e veleidade
contra quem sempre soube ser sincero

Por vezes não te vejo e desespero
fantasma delirante que me invade
se tu vens travestida de saudade
desferindo esse teu golpe tão fero

Na noite desmembrada e sem luar
alucinada surges de per si
em mitos vis e ritos de pasmar

envoltos nas débeis formas de ti
palidez que nem sei se colori
no tempo que cessei de soletrar

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

PERCEPÇÃO SEM OBJECTO



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    Em termos psicanalíticos, objecto significa algo ou alguém, este, total ou parcialmente considerado, concreto ou conjecturado, que satisfaz o investimento pulsional. Já a percepção aponta para a tomada de consciência, através dos sentidos, dos objectos ou das interacções factuais que nos integram. Tudo estaria bem se fosse sempre assim. No entanto, podem verificar-se percepções sem objecto, isto é falsos registos perceptivos sem o estímulo de objectos exteriores, pessoais ou materiais.

    A percepção sem objecto responde pela conhecida designação de alucinação, sendo a mais habitual aquela que leva o doente mental, normalmente o esquizofrénico-paranóide e o asténico a escutar “vozes” que atormentam o indivíduo, falando com ele, sobre ele, dando-lhe ordens, desdobrando os seus pensamentos ou decalcando-os. Nestes casos, o (im)paciente desconhece ou confunde a origem (interna ou externa) de quem lhe fala, mantendo a convicção da efectividade da sua percepção.

    Para além destas, podem ocorrer alucinações que o doente regista por meio dos restantes órgãos dos sentidos – da visão, da apalpação, do olfacto, do paladar, chegando mesmo a haver sobreposição de mais do que um dos sentidos, deixando a pessoa prostrada e confusa. Mas é a alucinação pelas vozes, aquela que mais perturba o indivíduo afectado, levando-o a manifestar-se com agressividade, protagonizando comportamentos compulsivos ou, até, respondendo às acusações ou às ordens, aparentemente, recebidas.
  

    Há gente saudável que também experimenta "alucinações", normalmente quando está prestes a conciliar o sono, ou na altura de acordar (estados de rêverie), embora as deste tipo não revistam preocupação de maior. Ao longo do sono podem ocorrer pesadelos, sonhos ou casos de sonambulismo, mas estes têm origem em automatismos inconscientes, desligados da actividade perceptiva e da motricidade voluntária, não sendo, portanto, alucinações.

   Problemáticas são as alucinações que afectam os doentes mentais e as pessoas que enfermam de afecções cerebrais. Estas, podem estender-se entre a alucinose – onde a consciência se mantém acesa - e a obnubilação da mesma, precipitando este último fenómeno o delírio alucinatório: este induz uma explicação desgarrada, extraviada ou distorcida dos objectos, aparentemente, percepcionados. 

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

ADOÇAR A ADOPÇÃO


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    Antes de mais, daremos parte ao leitor de que trataremos a temática supra designada com pinças (adocicadas), tendo em conta, não só a flagrante actualidade da matéria em questão, mas também devido à sensível subjectividade da mesma. Senão, vejamos, para começar, o próprio melindre que envolve a lata conceptualidade da presente representação mental, de quem à mesma se liga, seja por que motivo for. Explanemos, então, o conceito que, acrescente-se, etimologicamente, aponta para a ideia de escolha, selecção. E é aqui que radica o busílis da questão.

    Ainda que a adopção possa estar enquadrada legalmente numa dada sociedade, que legitimidade assiste a parte adoptante na decisão de determinada escolha, depois de seleccionada a criança?! É sabido, julgamos nós, que o número de crianças rejeitadas, abandonadas ou vítimas de maus-tratos vai sendo, mal ou bem, tutelado pelo Estado ou pela Igreja. Todo este panorama se deve ao adensar dos ambientes familiares disfuncionais, onde proliferam, cada vez mais, crianças em risco. Percentualmente, muitas delas são geradas por adolescentes desorientadas, impedidas de sonhar as suas vidas de meninas. Pecados do estado, da família e da escola!

    Tanto o Estado como a Igreja – na sequência da lógica verificada até agora – têm obrigação ética e moral de acolher os menores em risco, fazendo-os rodear de todos os direitos inerentes a todas as restantes crianças felizes, no âmbito de equipas multidisciplinares bem preparadas, afectuosas e solícitas, não esquecendo nunca que o pequeno ser que irá ser adoptado, quando tal acontece, nada escolhe, nada selecciona, ao contrário do que acontece quando aceita e busca, natural e afanosamente, ligar-se ao seio materno, agarrando assim o prazer da aventura de viver... Importa, pois, escutar os especialistas capacitados para o efeito, no início do processo de adopção, depois daqueles terem analisado o historial físico e mental da criança, dos seus pais biológicos e do casal adoptante. Sem isto nada feito.

    Escusado será dizer que, quem adopta fá-lo, muitas vezes, para tentar compensar infertilidades, solidões mal geridas, egoísmos angustiantes que, de forma obsessiva, ansiosa, precipitada ou calculada, mal conseguem disfarçar os imperativos inconscientes de uma existência frustrante. Ainda assim, vamos acreditar na boa-vontade de quem se dispõe a conceder uma segunda oportunidade aos inocentes caídos em desgraça, dando àqueles o benefício da dúvida. Convém ainda referir os 6 (seis) meses (até aos) como sendo a idade mais favorável para a adopção, por razões óbvias de adaptação à nova família de acolhimento.

    Por último, e aquando da entrada na adolescência, a estabilidade familiar é ainda mais necessária, bem como o desfazer de mitos relativamente à origem do adoptando, naturalmente, sem receios, hesitações ou tabus.



terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

AINDA A ADOLESCÊNCIA




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    Sobre esta matéria, temos feito já algumas reflexões escritas, nomeadamente depois da leitura de uma excelente obra – Adolescência e Autonomia –, cuja autora, a psicanalista Manuela Fleming (1948-....), ainda no activo, deu à estampa em três edições consecutivas (Afrontamento - Porto): 1993, 1997 e 2004. No presente escrito, vamos tentar tratar a temática de uma forma mais genérica.

    Sendo a adolescência uma das fases mais melindrosas e comprometedoras do desenvolvimento do ser humano, nem por isso tem sido objecto do devido acompanhamento e estudo por parte de especialistas (professores, psicólogos, psiquiatras e psicoterapeutas), pelo que as afecções que perturbam o psiquismo do indivíduo ao longo da vida púbere até ao ganho da maturidade sexual podem ficar ignoradas ou ser susceptíveis de interpretações erradas, o que não abona nada em favor dos que das mesmas enfermam, ficando estes privados do respectivo tratamento.

    Devido às dificuldades e exigências que se colocam ao adolescente neste período de luta e abertura ao exterior (árduo e castigador), aquele pode manifestar tendências esquizotímicas, ciclofrénicas, mais ou menos depressivas, anorécticas ou incorrer em toxicodependências, muito embora, lamentamos repetí-lo, tudo isto seja mais facilmente induzido pelo clima familiar que envolve o adolescente do que por uma espécie de predisposição do próprio, dado que, normal e natural é a sua salutar necessidade de viver e conviver.

    Conforme nos alerta Fleming, quando cita Erik Erikson (1902-1994), as crianças vencem naturalmente os normais obstáculos que se lhes vão deparando, alicerçando assim a sua estrutura psíquica; já na adolescência, e ainda segundo Erikson, o jovem tem necessidade de construir e consolidar o seu próprio conceito de identidade pessoal a caminho do social. A imagem que os outros têm de si conta, bem como a sua integridade sexual, a sua intelectualidade, a sua aceitação grupal e o seu sex-appeal (poder de sedução ou magnetismo pessoal). Os pais pertencem já a outra era; agora é ele quem precisa de se afirmar: livre, autónomo, independente, emancipável, com ideias próprias, ou, convenhamos, a caminho (processo-continuum) destes mesmos pressupostos conceptuais.

    Claro, tudo isto gera ansiedade, angústia, insegurança, incerteza, e, as reacções compensatórias podem fazer despoletar comportamentos excêntricos, passíveis de ser duradouros ou simplesmente episódicos. Tudo dependendo dos casos verificados, se as perturbações reactivas perdurarem, convém recorrer a ajuda especializada. Evidentemente que neste âmbito, quando o adolescente se vê a braços com carências de cariz social, as coisas tendem a agravar-se, uma vez que a família não tem, de maneira nenhuma, a vida facilitada e, no seu seio, o clima afectivo está em défice, sobrando, por isso mesmo (as reacções são em cadeia), os conflitos, as querelas, as dissenções, a guerrilha surda ou ostensiva, as rejeições, a violência doméstica, a diluição daquilo que, afinal, se espera da família, isto é, a compreensão e o amor incondicional entre os seus elementos constituintes.



segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

(IN)ADAPTAÇÂO FAMILIAR



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    Antes da escolha do título em epígrafe, a nossa intenção prévia apontava para a problemática dos comportamentos infantis de (in)adaptação. Depois, optámos por acrescentar a palavra familiar, já que a(s) criança(s) de que vamos tratar irão ser olhadas no âmbito contextual da família e, portanto, muitos dos desvios, défices, regressões e contratempos podem ter como causa directa os próprios défices, desvios e regressões de pais ansiosos, imaturos e impreparados. Já temos alertado para o facto!

    Em idade pré-escolar, a criança pode, em sede de triangulação parental, sentir uma espécie de desorientação comportamental que interfere com o apetite, que a impede de dormir tranquilamente e que lhe afecta a capacidade de gestão das frustrações. Não sendo, embora, de origem somática, podem gerar reacções neuróticas na criança e quadros depressivos nos próprios progenitores, assim como, está bem de ver, precipitar, entre aquela e estes, o adensar dos relacionamentos.

    Conforme nos demonstrou Wilfred Rupert Bion (1897-1979), durante a gravidez, já os pais vão alimentando uma panóplia de expectativas, desejos e representações mágicas relativamente ao feto, assentes nos seus imaginários pessoais e colectivos. Ora, tudo isto pesa directamente no psiquismo do ser em formação. Tendo em conta de que se trata de uma postura inconsciente, logo involuntária, quando o resultado não corresponde ao expectável e frustra a imaturidade dos pais, está posta em causa a individuação do recém-nascido.

    Reparem: neste enquadramento, o que está em jogo, afinal, é a qualidade da interacção, que procura dotar a criança de uma personalidade estruturada, durante o tempo que medeia o seu nascimento e a entrada no jardim-de-infância, visando a adaptação recíproca entre os pais e o filho. Claro, todo este processo depende muito mais da personalidade dos progenitores do que do temperamento do rebento. Quem não está preparado para ser pai (ou mãe), deve optar por um planeamento familiar adulto e responsável.

    O que se pede (exige), na prática, não é mais do que sensatez e flexibilidade, capacidade de amar de forma altruísta e tolerância, bem entendido, sem permissividade, omissão e, como acontece nos dias que correm, anarquia e desnorte. Há situações em que se torna indispensável, senão mesmo imperioso o controlo rigoroso e firme da criança, com lucidez e sensibilidade, sem que os pais anulem as suas próprias vidas, os seus interesses, para se escravizarem à descendência.

    Não deixa de ser interessante que os especialistas em Psicologia Pedagógica – e aqui recordámos Hildegard Hetzer (1899-1991), aconselhem a que se ignorem as asneiras da criança – e, acrescentamos nós, caso seja caso disso –, ao invés de aquelas levarem os pais a um redobrar de atenções e carícias (?!), sendo preferível premiar as boas atitudes com o máximo de carinho saudável e atenção envolvente.


    NOTA: A criança não mente, mas fantasia, imagina, confabula. Hoje, os pais não educam e levam tudo isto à letra, movendo assédios persecutórios-insuportáveis aos docentes. O pior é que o sistema educativo apadrinha estes desconchavos.

domingo, 17 de fevereiro de 2019

INVITE



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Vem divagar comigo no jardim
vem remir a verdura da folhagem
vem inalar o cheiro do jasmim
cerzindo a Primavera de miragem

Vem comigo florir já que no fim
dos corpos ardorosos em viagem
faremos talvez parte da paisagem
se vencermos a soma do festim

Vem daí pois então que no futuro
oculto pelas pedras da idade
haverá no jardim mais esse muro

de sombras negras e debilidade
Aceita este meu ombro seguro
firme na dimensão da claridade

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

O ÓCIO E O NEGÓCIO



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    Reflectindo um pouco sobre tudo quanto hoje se vai passando ao nível da educação, da falta dela ou das perturbações que coalham o ambiente familiar e escolar, surgiu-nos esta ideia dicotómica, de cariz filosófico, que liga o conceito de negócio à educação equilibrada, socialmente enquadrada, e a representação mental de ócio, enquanto deriva pessoal, como estando mais próxima da ausência educacional à qual se associa, conforme os casos, o pior dos cenários caracterizado pelo clima familiar perturbador e perturbante.

    Hoje em dia, as instituições governamentais, empresariais, educacionais, familiares, sociais, virtuais e outras que tais invocam, a torto e a direito, a liberdade – não conseguimos perceber de que liberdade se trata – para explicarem o porquê das suas decisões, comportamentos, atitudes e arbítrios, como se o ócio fosse o negócio e o negócio o ócio. Situemo-nos: Filosoficamente, a liberdade pessoal por que todos almejamos abarca uma certa autonomia e independência, de resto, confinada no tempo e no espaço, enquanto defesa ou distensão da rotina exigente e cansativa do quotidiano laboral ou escolar.

    Isto acontece, porque todos temos deveres (negócios) e, por isso mesmo, devemos usufruir também dos direitos (ócios) que nos permitem elaborar da melhor maneira a nossa personalidade. Uns e outros, contudo, não podem ser interpretados como algo isolado, quer da comunidade quer da sociedade, nem se devem impor ambos como algo de meramente pessoal, divorciado do social.

    Recordando o teor do primeiro parágrafo do texto, cabe interrogar sobre que crianças educam as famílias e as escolas?! Serão elas desejadas e aceites?! São deixadas ser livres e autónomas, respeitadas, apoiadas e devidamente orientadas?! Tem pesado mais a tradição ou o bom-senso educacional na aceitação da natureza intrínseca do educando, enquanto indivíduo em formação, rumo à felicidade relacional-social?! Como contestou W. Wolf, na obra “A Personalidade da Criança Pré-escolar (1949), a criança não é um homúnculo, nem um boneco-de-corda, nem um animal a domesticar, nem tão-pouco um troféu dos papás. Em todas estas aberrações de óptica não é possível a interacção saudável nem o fomento de uma vivência estruturante e segura para o desenvolvimento da sua personalidade.


    Resumidamente diremos que a segurança adequada (em função da idade) e circunscrita no tempo e no espaço é essencial; o amor (omnipresente) incondicional e amadurecido dos adultos constitui a indispensável fonte de alegria, energia e orientação; a consideração e aceitação dos seus traços de individuação, em contexto de liberdade regulada, permitir-lhe-ão a recriação da sua dinâmica natural e a vivência pessoal de um conjunto de experiências que fortalecerão o seu Ego, habilitando-a a ser feliz. Desta forma evitar-se-ão as denominadas dificuldades educativas especiais, afinal, previamente induzidas pelos pais e pelos educadores.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

A GRAÇA DE SER POETISA



GRAÇA PIRES - POETISA
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    Foi Freud quem primeiro colocou o acento tónico na palavra e no seu poder mágico. É pela palavra, fundamentalmente, que o homem comunica, influencia, seduz ou persegue, fazendo-o de uma forma muito mais eficaz do que qualquer outro ser do reino animal, incapaz de dominar este tão excepcional quanto extraordinário dom. O domínio da linguagem situa e integra o ser falante no seio dos pares, balizando as interacções, doseando as acções, impondo as convenções e disciplinando as obsessões.

    Lacan, outro seguidor de Freud, refere que apenas somos humanos porque falamos, procurando o entendimento através da palavra. Por muito que não se queira ou não se dê conta, declaram estes cientistas, o inconsciente determina muito do que se afirma (Freud) e, Lacan, na esteira daquele, relaciona inconsciente com linguagem, de forma estruturada e estruturante, emergindo ambas as componentes do signo linguístico (significado e significante), por ocasião de qualquer contacto comunicacional.

    Contudo, acrescenta Lacan, a intersubjectividade inerente à troca de mensagens subverte a linearidade e a exactidão desejadas dos conteúdos veiculados, devido aos imponderáveis do inconsciente e à codificação/descodificação do emissor e do receptor e à capacidade de ambos percepcionarem a realidade e procederem à nomeação ou à interpretação da mesma, utilizando a mais ou menos aferida representação mental cujo significado (coisa nomeada) se transmuta referencialmente no significante (imagem acústica).

    Depois desta introdução sobre a linguagem falada, e sem mais delongas, situemo-nos, agora, numa das componentes da comunicação escrita: a Poesia. Esta, expressa-a o homem de forma bem mais sintética, mas muito mais complexa, sem deixar de ser lúdica, musical (rítmica), estimulante e criativa, onírica e essencial, porque sublima sentimentos cativos, vivências frustradas ou não, emoções mal esboçadas ou reprimidas, encantamentos ou delírios, afectos rendidos ou júbilos decantados, sejam eles narcisistas ou dirigidos.

    No entanto, Não é poeta quem quer/nem quem vê na poesia/o nebuloso mister/de tonta sobranceria, conforme escrevemos há tempos. Depois de termos adquirido e lido, repetidamente, o livro de poesia “UMA VARA DE MEDIR O SOL”, da poetisa Graça Pires, decidimo-nos por este pequeno escrito de homenagem à autora, já que ela possui a Graça de ser poetisa, genuinamente criativa e fazedora de algo (poiesis) com valor autoral comprovado, vincadamente estético, sentido, harmónico, numa palavra – inspirado.

    Um último paragrafo para referir que a poesia, entre muitas outras das suas múltiplas cambiantes, se arquitecta através das relações específicas que emergem da interacção estabelecida entre o significado e o significante, e até entre os próprios significados, na forma como se compõe sintagmaticamente cada verso, na senda da violação do código da linguagem dita normativa, embora nada disto seja definitivo, tal como neste livro de Graça Pires, onde a engenharia da palavra é tudo isto e o seu contrário: Regressei com a lentidão de quem vem de longe/do mar com pedras na boca para cuspir nos lugares/onde o vento envolve a gruta das nascentes.(...) – [(Graça Pires, em Uma Vara de Medir o Sol), 2018, p. 23].

Nota: Parabéns, querida amiga.