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Antes
da escolha do título em epígrafe, a nossa intenção
prévia apontava para a problemática dos comportamentos
infantis de (in)adaptação. Depois, optámos por
acrescentar a palavra familiar, já que a(s) criança(s)
de que vamos tratar irão ser olhadas no âmbito
contextual da família e, portanto, muitos dos desvios,
défices, regressões e contratempos podem ter como causa
directa os próprios défices, desvios e regressões
de pais ansiosos, imaturos e impreparados. Já temos alertado
para o facto!
Em
idade pré-escolar, a criança pode, em sede de
triangulação parental, sentir uma espécie de
desorientação comportamental que interfere com o
apetite, que a impede de dormir tranquilamente e que lhe afecta a
capacidade de gestão das frustrações. Não
sendo, embora, de origem somática, podem gerar reacções
neuróticas na criança e quadros depressivos nos
próprios progenitores, assim como, está bem de ver,
precipitar, entre aquela e estes, o adensar dos relacionamentos.
Conforme
nos demonstrou Wilfred
Rupert Bion
(1897-1979),
durante
a gravidez, já os pais vão alimentando uma panóplia
de expectativas, desejos e representações mágicas
relativamente ao feto, assentes nos seus imaginários pessoais
e colectivos. Ora, tudo isto pesa directamente no psiquismo do ser em
formação. Tendo em conta de que se trata de uma postura
inconsciente, logo involuntária, quando o resultado não
corresponde ao expectável e frustra a imaturidade dos pais,
está posta em causa a individuação do
recém-nascido.
Reparem:
neste enquadramento, o que está em jogo, afinal, é a
qualidade da interacção, que procura dotar a criança
de uma personalidade estruturada, durante o tempo que medeia o seu
nascimento e a entrada no jardim-de-infância, visando a
adaptação recíproca entre os pais e o filho.
Claro, todo este processo depende muito mais da personalidade dos
progenitores do que do temperamento do rebento. Quem não está
preparado para ser pai (ou mãe), deve optar por um planeamento
familiar adulto e responsável.
O
que se pede (exige), na prática, não é mais do
que sensatez e flexibilidade, capacidade de amar de forma altruísta
e tolerância, bem entendido, sem permissividade, omissão
e, como acontece nos dias que correm, anarquia e desnorte. Há
situações em que se torna indispensável, senão
mesmo imperioso o controlo rigoroso e firme da criança, com
lucidez e sensibilidade, sem que os pais anulem as suas próprias
vidas, os seus interesses, para se escravizarem à
descendência.
Não
deixa de ser interessante que os especialistas em Psicologia
Pedagógica
– e aqui recordámos Hildegard
Hetzer (1899-1991),
aconselhem a que se ignorem as asneiras da criança – e,
acrescentamos nós, caso seja caso disso –, ao invés
de aquelas levarem os pais a um redobrar de atenções e
carícias (?!), sendo preferível premiar as boas
atitudes com o máximo de carinho saudável e atenção
envolvente.
NOTA:
A criança não mente, mas fantasia, imagina, confabula.
Hoje, os pais não educam e levam tudo isto à letra,
movendo assédios persecutórios-insuportáveis aos
docentes. O pior é que o sistema educativo apadrinha estes
desconchavos.
Um dia, há-de chegar a altura em que os pais
ResponderEliminarse sintam coagidos moralmente a frequentar
formação especializada para poderem ser pais
à altura.
Concordando consigo...
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