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Sobre
esta matéria, temos feito já algumas reflexões
escritas, nomeadamente depois da leitura de uma excelente obra –
Adolescência e Autonomia
–, cuja autora, a psicanalista Manuela
Fleming (1948-....), ainda no
activo, deu à estampa em três edições consecutivas (Afrontamento -
Porto): 1993, 1997 e 2004. No presente escrito, vamos
tentar tratar a temática de uma forma mais genérica.
Sendo a adolescência uma das fases mais melindrosas e comprometedoras
do desenvolvimento do ser humano, nem por isso tem sido objecto do
devido acompanhamento e estudo por parte de especialistas
(professores, psicólogos, psiquiatras e psicoterapeutas), pelo
que as afecções que perturbam o psiquismo do indivíduo
ao longo da vida púbere até ao ganho da maturidade
sexual podem ficar ignoradas ou ser susceptíveis de
interpretações erradas, o que não abona nada em
favor dos que das mesmas enfermam, ficando estes privados do
respectivo tratamento.
Devido
às dificuldades e exigências que se colocam ao
adolescente neste período de luta e abertura ao exterior
(árduo e castigador), aquele pode manifestar tendências
esquizotímicas, ciclofrénicas, mais ou menos depressivas, anorécticas ou
incorrer em toxicodependências, muito embora, lamentamos
repetí-lo, tudo isto seja mais facilmente induzido pelo clima
familiar que envolve o adolescente do que por uma espécie de
predisposição do próprio, dado que, normal e
natural é a sua salutar necessidade de viver e conviver.
Conforme
nos alerta Fleming,
quando cita Erik Erikson (1902-1994),
as crianças vencem naturalmente os normais obstáculos
que se lhes vão deparando, alicerçando assim a sua
estrutura psíquica; já na adolescência, e ainda
segundo Erikson,
o jovem tem necessidade de construir e consolidar o seu próprio
conceito de identidade pessoal a caminho do social. A imagem que os
outros têm de si conta, bem como a sua integridade sexual, a
sua intelectualidade, a sua aceitação grupal e o seu
sex-appeal
(poder de sedução ou magnetismo pessoal). Os pais
pertencem já a outra era; agora é ele quem precisa de
se afirmar: livre, autónomo, independente, emancipável,
com ideias próprias, ou, convenhamos, a caminho (processo-continuum) destes mesmos
pressupostos conceptuais.
Claro,
tudo isto gera ansiedade, angústia, insegurança,
incerteza, e, as reacções compensatórias podem
fazer despoletar comportamentos excêntricos, passíveis de ser
duradouros ou simplesmente episódicos. Tudo dependendo dos
casos verificados, se as perturbações reactivas
perdurarem, convém recorrer a ajuda especializada.
Evidentemente que neste âmbito, quando o adolescente se vê
a braços com carências de cariz social, as coisas tendem
a agravar-se, uma vez que a família não tem, de maneira
nenhuma, a vida facilitada e, no seu seio, o clima afectivo está
em défice, sobrando, por isso mesmo (as reacções são em cadeia), os conflitos, as querelas, as dissenções, a
guerrilha surda ou ostensiva, as rejeições, a violência
doméstica, a diluição daquilo que, afinal, se
espera da família, isto é, a compreensão e o
amor incondicional entre os seus elementos constituintes.
Bom dia. Visitando, confesso o meu agrado, pelo seu bonito e agradável blogue. Escreve muito bem. De facto tanto a pré-adolescência como a própria adolescência são fases muito importantes na definição da personalidade do jovem. Gostei muito de ler
ResponderEliminarLinkei o seu blogue nos blogues a visitar no Brincando
Uma sugestão: Porque não aqui um linke para seguidores do seu blogue?
Deixando um abraço
Olá, Humberto!
ResponderEliminarUm excelente e reflexivo texto.
Conheço a obra de que fala, mas não em profundidade, mas estou de acordo com a inteligente e compreensiva autora.
A adolescência teve, tem e terá sempre os seus problemas específicos, muito próprios, só que estes acompanham, naturalmente, o tempo em que se enquadram. Ora, um jovem do século XVIII teve as suas angústias, alegrias, desavenças, rebeldias, hostilidades etc., mas de acordo com o tempo em que viveu. O jovem do século XX ou XXI tem, de igual modo, as angústias e rebeldias, pertencentes ao jovem do século XVIII mas de acordo com os tempos e as tendências.
As características da adolescência têm sempre a ver com a época (tempo), lugar(onde), família e sociedade em que se desenvolvem e estão inseridos. Altamente influenciáveis, poucos pensam pelo seu cérebro. Há que criar diálogo, regras e oportunidades para que se sintam felizes.
Cordialmente, um abraço!
De fato a essa fase do ser humano é bem complexa,li um artigo a qual afirma que devido o cérebro ainda estar em desenvolvimento a percepção do adolescente necessita de cuidados, vigilâncias e orientações.
ResponderEliminarAgradeço por ter lido e por refletir em suas palavras, apreciei muito as questões levantadas pela autora a qual ainda não conhecia.
Boa tarde.
Meu nobre e prezado amigo Humberto, inicialmente, minha gratidão por tanto que tuas palavras, em diversas frentes, elevaram minha psiquê, alma e todo o meu ser! As palavras elogiosas em meu humilde espaço, envaideceram-me, mesmo que eu as desse um lugar modesto dentro de meu entendimento. Porém este teu tratado resumido sobre a adolescência, é-me de extraordinária estima e proveito. Parabéns por tão lúcido entendimento e partilha dele. Sou um "Abraão" tenho uma filha de quarenta anos e um adolescente de treze. Minha mulher e eu, procuramos o educar dando todo o amor e atenção possível com liberdade de rédeas curtas, por crermos que disciplina é fundamental para forjar um caráter de responsabilidade, mas como vejo - quantos meandros existem na psiquê de um adolescente... Vou redobrar minha atenção! Irei passar teu endereço aos nossos amigos cujos filhos estão nessa fase etária, indicando o excelente texto. Obs: no segundo parágrafo está "o" adolescência. Minha Gratidão! Abraço fraterno! Laerte.
ResponderEliminarGrato, SILO LÍRICO, pelo comentário e pela chamada de atenção. Um abraço.
Eliminarhttps://maranduvaline.blogspot.com/2016/11/crescer-para-adolescer-i.html
https://maranduvaline.blogspot.com/2016/11/adolescer-para-crescer-ii.html
Junto mais dois escritos sobre a adolescência, caso queira apreciá-los. Achei curioso esse seu paralelismo com Abraão. Parabéns e felicidades.
EliminarUm abraço.
É complexo, muito complexo.
ResponderEliminarÉ imprudente condenar os pais dos transtornos da juventude, atitude que os adolescentes tomam frequentemente.
A dificuldade de socializar, de aceitar o seu corpo perante os modelos esteriotipados (as terríveis borbulhas), faz com que o jovem crie frequentes atritos com a família e se queixe dela.
Com exceção das famílias disfuncionais, os pais sofrem muito.
Cordiais cumprimentos.
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