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Quer queiramos, quer
não, o passado pesa substancialmente nos nossos comportamentos
do quotidiano – muito mais o passado ancestral da humanidade, do
que propriamente os nossos antecedentes familiares, ainda que a
conjugação de ambos deva ser levada em conta, numa
visão sistémica, de conjunto, dado que o todo é
sempre mais importante e elucidativo do que a soma das partes, quando
se trata de perceber o que representa, afinal, a sedimentação
ancestral dinâmica resultante das vivências empíricas
dos primeiros seres humanos, regidas maioritariamente por impulsos em
detrimento da racionalidade ausente.
A expressão da
emocionalidade é carreada pelo impulso, mas, este, em
sociedade, deve ser refreado, de acordo com o contexto familiar,
social-civilizacional, de modo a não comprometer as
interacções em presença, por atropelo das normas
vigentes em determinada comunidade; a rígida fixação
dos instintos e o carácter desviante do homem não podem
ignorar os legítimas direitos e necessidades do outro, sob pena de sermos
incapazes de amar.
Ao contrário do
que se possa pensar, nos nossos dias, ama-se cada vez menos e com
pior qualidade: a sociedade do espectáculo, consumista,
alienada, decadente, tecnológica e fria não pretende que a
Educação faça o seu papel, e, por isso, tem
conseguido perturbar emocionalmente as novas gerações,
tornando-as mais inseguras e nervosas; mais deprimidas e fechadas;
mais ensimesmadas, solitárias e violentas; mais alheias à
disciplina e ao consenso; em suma, mais narcisistas, impulsivas e
beligerantes.
Grosso
modo, convém referir o tronco cerebral, logo acima da espinal
medula, como sendo a parte primitiva do cérebro humano; aquele
é composto, de baixo para cima, pelo bolbo raquidiano,
protuberância e formação reticular anterior,
mesencéfalo (zona média cerebral) com diencéfalo
– cérebro
reptílico, regulador das funções vitais básicas,
como nos répteis –;
e
córtex cingulado no topo envolvente – sistema
límbico, onde se alocam os sentimentos ou afectos primários
dos primeiros mamíferos.
Toda a restante massa superior, de formação recente,
constitui o neo-córtex – sede
das funções cognitivo-afectivas superiores complexas,
capazes de pensamento e linguagem e de diferenciar emoções.
(Goleman,
2006; Hell, 2009; Damásio, 2013; Mlodinow, 2014).
Segundo Hell, o cérebro
reptílico, através da sua acção
inconsciente, começou por responder de forma automática
na adaptação ao ambiente, organizando instintos e
reflexos para, muito mais tarde (evolução) aferir um
papel regulador dos sentimentos (afectos). Já as emoções
primárias, sem diferenciação cognitivo-afectiva,
assumem uma expressividade mimética, motora, sígnica,
pré-verbal, sendo atribuídas ao sistema límbico,
enquanto potenciadoras da regulação
relacional-comunicacional-inicial. Com o neo-córtex o homem
consegue já integrar sentimentos e conceptualizar.
E este último
cientista conclui: “(...) O sistema cognitivo-afectivo do
neo-córtex representa, em conjugação com o
pensamento e a linguagem, o nível mais elevado da regulação
dos sentimentos e oferece condições óptimas para
uma interacção adequada com o ambiente” (Hell, 2009;
p.138). Que se passa, então, com a Humanidade?!
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