Neste
breve texto, direi apenas da necessidade urgente de voltarmos todos
ao diálogo, com carácter francamente comunicacional.
Por isso mesmo, o ser humano é dotado da capacidade de
utilização da linguagem que bebeu com o leite materno.
Mas, não adianta falar, falar, falar, se não formos
ouvidos e compreendidos; pois, caso contrário, estaremos a
falar para as paredes.
A
comunicação só tem razão de ser, se
buscar o consenso, se procurar a harmonia, se porfiar na paz, na
concórdia, na interacção construtiva, edificante
e democrática. Não me alongarei muito.
Se
o homem comunica através da linguagem – falada ou escrita –,
conforme comecei por adiantar no início desta curta reflexão,
utilizando o código linguístico inerente ao país
que o viu nascer, ou outro ainda, de acordo com os hábitos
culturais que melhor se coadunam com determinadas práticas
interactivas, nomeadamente no campo dos negócios, das relações
políticas nacionais e internacionais, da mediação
solidária ou das parcerias científicas de cariz
investigatório, para além de outras ainda, fácil
se torna perceber que o diálogo que se tem estabelecido no
sentido da persecução de todo este conjunto de
desideratos, tem vindo a enfermar, aflitivamente, de uma síndroma
preocupante, que se traduz numa multiplicidade de estapafúrdios
sinais aos quais devemos prestar a máxima atenção.
Estes têm a ver com uma clara tendência para uma espécie
de narcisismo absoluto primário, por parte das pessoas ou, por
outras palavras, para uma cada vez maior umbilical deriva, redutora do
são convívio familiar, comunitário,
institucional, fazendo perigar mesmo a coesão social e a
própria democracia.
O
Dr. Jacques Lacan (1901-1981), nos últimos cinquenta anos da
sua vida, viria a trazer um contributo fundamental à análise
dos distúrbios de dominação egocêntrica da
humanidade, ao definir o inconsciente como algo assente num quadro
simbólico semelhante ao da linguagem. Para este cientista,
a palavra, enquanto símbolo linguístico, só tem
razão de ser a partir do momento em que diz algo ao outro e é
aceite socialmente de forma tácita. Sem o outro, a quem se
dirige num ping-pong construtivo, não há comunicação
nem subjectividade, uma vez que existe uma convenção
explícita, assente na simbologia adoptada e que é comum
aos falantes dessa mesma linguagem.
A
partir dos vinte e quatro meses, mais ou menos, as necessidades de
sobrevivência da criança começarão
gradualmente a ser satisfeitas, já não por meio de
automatismos instintivos que o egocentrismo absoluto primário
garantia através da ligação materna (fase oral e
sádico-anal), mas através da representação
simbólica em objectos da realidade. Este fenómeno,
apenas apanágio do ser humano, conduzirá o desejo da
criança ao encontro do desejo do outro, sem choques aparentes,
porque no seio de um ambiente familiar ideal: psicologicamente
equilibrado, afectivamente harmonioso, emocionalmente participado, a
palavra mediará o encontro dos desejos, com carácter de
racionalidade ponderada e de viabilidade devidamente ajustada, ao
contrário do que se passa no mundo selvagem. Afastemo-nos
deste, enquanto é tempo...
Nota: net pics
Nota: net pics
Olá Manel
ResponderEliminarÓtimo post numa bela reflexão comunicativa.
É o que falta à humanidade: diálogo.
Abraço meu
Olá, Manu!
EliminarAgradeço o comentário.
Um abraço
Amigo, gostei de ler! Muito bem escrito, como sempre.
ResponderEliminarFalar - uma necessidade primária que deve de ser bem orientada, concebida. Saber pensar, reflectir e só depois, dentro do respeito pelo próximo, por nós mesmos e o mundo, comunicar. O diálogo selvagem, apenas gera desentendimento que nada de valor concebe.
Cptºs
Manuela Carneiro
Manuela
EliminarAgradeço a atenção da visita e do comentário.
Cumprimentos
M. Bragança dos Santos
Querido Zé
ResponderEliminarParece que o autismo está a tomar conta de alguns membros da nossa sociedade.É pena,pois tal como diz o provérbio «A falar,é que a gente se entende»,
e falar pressupõe sempre um emissor e um receptor.Ou é um diálogo de surdos...unilateral...
Parabéns por esta chamada de atenção.
Um bom domingo.
Beijinhos da
Mana
Muito bom esse texto Humberto
ResponderEliminare oportuno para os tempos que vivemos em que a linguagem oral ou escrita deixa a desejar e torna-se quase incompreensível tamanha é a variedade de normas e modernices,
Obrigada pela partilha
um abraço à distância
Um abraço, amiga Lis.
EliminarAgradeço a sintonia e o comentário.