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Dizía-nos,
há dias, com a desolação estampada no rosto, um
conhecido nosso, com quem, amiúde, costumamos conversar,
desde há largos anos a esta parte, principalmente sobre
política, que está cansado, farto, saturado, irritado
mesmo, de/por andar a ouvir desde a sua tenra idade, que é
necessário, indispensável, fundamental fazer
sacrifícios, porque a vida sempre esteve, está e, se
calhar, estará, «sine die», pela hora da morte.
O
cidadão a quem fazemos alusão, diga-se de passagem,
terá sido sempre (garantia sua) um fervoroso defensor do
partido rosa, muito embora tenha sido levado pelos pais, ainda muito
criança, para as distantes paragens onde aportou, em 1482, o
navegador português Diogo Cão. Depois do Tratado de
Alvor, que viria a precipitar a fratricida, devastadora, e
aflitivamente longa guerra civil em Angola, o nosso amigo viu-se
obrigado a se refugiar no seu país de origem, isto é,
em Portugal.
Dizía-nos,
há dias, com a desolação estampada no rosto, que
passará a votar em branco, para que saibam que não dará
nunca mais, nem a certeza, nem o benefício da dúvida, a
nenhuma cor partidária, afirmando, reafirmando e confirmando,
desta maneira, uma espécie de daltonismo político-partidário
que, em termos de resposta face ao comportamento dos mentores desta
democracia que há quarenta anos nos empurra para o
abismo, se lhe afiguram desprovidos de qualquer coloração
mais ou menos viva, mais ou menos equilibrada, mais ou menos
esperançosa.
Enfim!
Nunca fomos tão radicais como este nosso conhecido. Nem na
hora frenética ou épica (assim parecia) das vitórias
rosa; nem na altura que propiciou os festivos e inebriantes cortejos
laranja; nem ultimamente, no actual enquadramento de brilhos
incansavelmente reflectidos numa multiplicidade de espelhos que se
vão deslocando, sempre no encalço de luzes
artificialmente criadas. É que somos dotados dum natural
optimismo sensato, que nos leva a afirmar agora, mais do que nunca,
de que O FUTURO ESTÁ NA HORA!
Permitam-nos,
então, o seguinte raciocínio... de leigo na matéria,
naturalmente. Goradas que estão todas as morosas e difíceis
conquistas do operariado ocidental, conseguidas ao longo do século
XX, face aquilo que viria a ser designado por globalização,
caracterizada esta pelo implacável avanço concorrencial
da atabalhoada e pouco criteriosa força de trabalho dos países
ditos emergentes que, afinal, exploram uma mal disfarçada
escravatura, vá de nivelar tudo por baixo, cruzar os braços,
ceder, acabando por dar, no fundo, uma imagem de impotência, de
incapacidade e incompetência que os outros cada vez mais
aproveitam, neste atribulado início do terceiro milénio.
«Anestesiados»
face ao elevado preço do crude -- que responde assim
à desvalorização do dólar -- que a Europa
paga em euros super valorizados - o que nem é tão
mau quanto isso -, neste particular, os líderes (?!)
comunitários estão mais preocupados com a inflação
do que com a fome, com o desemprego ou com a desagregação
social. De qualquer maneira, o adormecimento da economia e, cá dentro, as subtracções operadas pelo executivo, nos parcos proventos dos cidadãos, têm reduzido
drasticamente o consumo, não obstante o sobreendividamento das
famílias e da banca (são facas de dois gumes), o que tem
conseguido manter equilibrada a balança da oferta e da
procura (tem mesmo?!), apesar da alegada diminuição das reservas
petrolíferas... Bem! Angola, Brasil e Venezuela têm
descoberto novos poços. Enfim! Tanta especulação
só pode ser isso mesmo. Se a vida se faz já em «slow
motion», a que se deve, afinal, a lânguida psicose dos
nossos dias?! Explicar-nos-emos melhor num próximo escrito.
Por agora, não esqueçamos que O FUTURO ESTÁ NA
HORA.