segunda-feira, 2 de junho de 2014

O FUTURO ESTÁ NA HORA

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Dizía-nos, há dias, com a desolação estampada no rosto, um conhecido nosso, com quem, amiúde, costumamos conversar, desde há largos anos a esta parte, principalmente sobre política, que está cansado, farto, saturado, irritado mesmo, de/por andar a ouvir desde a sua tenra idade, que é necessário, indispensável, fundamental fazer sacrifícios, porque a vida sempre esteve, está e, se calhar, estará, «sine die», pela hora da morte.

O cidadão a quem fazemos alusão, diga-se de passagem, terá sido sempre (garantia sua) um fervoroso defensor do partido rosa, muito embora tenha sido levado pelos pais, ainda muito criança, para as distantes paragens onde aportou, em 1482, o navegador português Diogo Cão. Depois do Tratado de Alvor, que viria a precipitar a fratricida, devastadora, e aflitivamente longa guerra civil em Angola, o nosso amigo viu-se obrigado a se refugiar no seu país de origem, isto é, em Portugal.

Dizía-nos, há dias, com a desolação estampada no rosto, que passará a votar em branco, para que saibam que não dará nunca mais, nem a certeza, nem o benefício da dúvida, a nenhuma cor partidária, afirmando, reafirmando e confirmando, desta maneira, uma espécie de daltonismo político-partidário que, em termos de resposta face ao comportamento dos mentores desta democracia que há quarenta anos nos empurra para o abismo, se lhe afiguram desprovidos de qualquer coloração mais ou menos viva, mais ou menos equilibrada, mais ou menos esperançosa.

Enfim! Nunca fomos tão radicais como este nosso conhecido. Nem na hora frenética ou épica (assim parecia) das vitórias rosa; nem na altura que propiciou os festivos e inebriantes cortejos laranja; nem ultimamente, no actual enquadramento de brilhos incansavelmente reflectidos numa multiplicidade de espelhos que se vão deslocando, sempre no encalço de luzes artificialmente criadas. É que somos dotados dum natural optimismo sensato, que nos leva a afirmar agora, mais do que nunca, de que O FUTURO ESTÁ NA HORA!

Permitam-nos, então, o seguinte raciocínio... de leigo na matéria, naturalmente. Goradas que estão todas as morosas e difíceis conquistas do operariado ocidental, conseguidas ao longo do século XX, face aquilo que viria a ser designado por globalização, caracterizada esta pelo implacável avanço concorrencial da atabalhoada e pouco criteriosa força de trabalho dos países ditos emergentes que, afinal, exploram uma mal disfarçada escravatura, vá de nivelar tudo por baixo, cruzar os braços, ceder, acabando por dar, no fundo, uma imagem de impotência, de incapacidade e incompetência que os outros cada vez mais aproveitam, neste atribulado início do terceiro milénio.

«Anestesiados» face ao elevado preço do crude -- que responde assim à desvalorização do dólar -- que a Europa paga em euros super valorizados - o que nem é tão mau quanto isso -, neste particular, os líderes (?!) comunitários estão mais preocupados com a inflação do que com a fome, com o desemprego ou com a desagregação social. De qualquer maneira, o adormecimento da economia e, cá dentro, as subtracções operadas pelo executivo, nos parcos proventos dos cidadãos, têm reduzido drasticamente o consumo, não obstante o sobreendividamento das famílias e da banca (são facas de dois gumes), o que tem conseguido manter equilibrada a balança da oferta e da procura (tem mesmo?!), apesar da alegada diminuição das reservas petrolíferas... Bem! Angola, Brasil e Venezuela têm descoberto novos poços. Enfim! Tanta especulação só pode ser isso mesmo. Se a vida se faz já em «slow motion», a que se deve, afinal, a lânguida psicose dos nossos dias?! Explicar-nos-emos melhor num próximo escrito. Por agora, não esqueçamos que O FUTURO ESTÁ NA HORA.

1 comentário:

  1. Querido Zé
    É verdade:«O Futuro esta na hora»,mas não vejo maneira de se colocar em prática.
    Já descobrimos que um automóvel pode andar movido a alfarroba e até a ar,imagine-se,mas embora o crude custe caro, favorece muitos «bolsos» que não os dos comuns dos mortais.
    Parece-me que ainda vamos continuar «rosados», mas não de contentamento,talvez de vergonha, segundo li na imprensa estrangeira.
    Aliás, penso que é essa mesma que devemos ler, se quisermos saber ao certo o que por cá se passa!
    O teu artigo está o máximo e já nos dá um «cheirinho» a futuro.
    Parabéns.
    Um beijinho
    Mana

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