Não sei por que te despenhas na ravina da indiferença no barranco do abandono nas falésias do desprezo num espartilho de penumbra que o tempo dilacera Comigo viajas sempre na linha dos sentidos percorrendo o torvelinho agreste que o silêncio me grita Sinto o desespero gelado nas mãos vazias sempre que agarro o medo ou faço sucumbir a solidão mitigando imagens fugidias por entre os dedos trémulos Sinto que me acenas do fundo do flagelo tentando pôr fim a tão trágica derrota Imagem do Google
Nem mesmo no poema direi de ti todos os segredos Mesmo aqueles que ribombam ecos sem sentido na transparência da palavra cruelmente ofuscada à mesa de sombrios delírios serão búzios de silêncio pavor e desespero Já subi todas as colinas serras e montanhas promontórios e ravinas para te dar o Sol de cada dia na alma que procuravas Resta-me triturar nos lábios o abandono destes dias a dor o queixume a fantasia de quem bebeu o rio verde da quietude e hoje entardece no mar do desassossego Nem mesmo assim direi de ti todos os segredos