Num momento tão sensível e ambíguo como o actual (1.ª metade de
2020), em que um vírus invisível (novo Corona-Vírus) ameaça a sobrevivência da
espécie humana, a nível planetário, não pode haver lugar ao desdobramento das
subjectividades tão típicas da diversidade conceptual cultivada pelos
indivíduos ou grupos; às suas idealizações narcisistas, egocêntricas ou
auto-eróticas; às interpretações divergentes; ao individualismo; às acções
isoladas; ao erguer patético de uma Babel dessignificada.
O novo
Corona-Vírus não é um ser vivo, mas se lhe for facilitado um ambiente propício,
leia-se as vias respiratórias dos seres humanos, aquele poderá potenciar uma
forma de vida rudimentar, parasitária, algo no limiar da molécula e da vida,
mantendo-se incapaz, contudo, de pertencer a qualquer estrutura biológica, pois
não transformará nunca a energia autonomamente, ceifando, portanto, as vidas
dos incautos hospedeiros.
Nesta
conformidade, se o valor da vida humana não for tido em conta como o primeiro e
o mais importante, então, toda a saga civilizacional, ainda que considerando
todas as suas oscilações mais ou menos demenciais, terá chegado ao seu ponto de
oclusão. No âmbito realista da interpretação do mundo, tal como ele se nos
apresenta, devemos tentar compreender, aceitar, apoiar e validar o esforço
hercúleo da ciência médica e social, no sentido da tentativa de percepção,
interiorização, harmonização, correcção e inversão deste surpreendente ataque à
manutenção da vida.
Sob o ponto de
vista da investigação teórica e da sua consequente metodologia programática e
pragmática, o paradigma deve assentar na arquitectura da racionalidade
científica, através da convalidação do empirismo evolutivo (método científico),
isto é, sempre ancorado em resultados práticos verificáveis. Estes, contudo,
devem afirmar-se por meio de modelos analíticos qualitativa e quantitativamente
aceites, capazes de satisfazer os valores da vida social saudável e as
necessidades legítimas do colectivo.
Neste quadro, têm
de ficar fora de questão os conflitos sociais, a subjectividade particular ou
grupal, a ambição, a ganância e as tensões de poder, para que seja possível a
ordem, a uniformização dos valores fundamentais (universais) e a reposição das
condições de manutenção da vida. Sendo assim, o foco é apenas um, precisamente
porque tanto serve ao indivíduo em particular como à sociedade em geral.
Como escreveu Emmanuel
Lévinas (1980), estamos primordialmente vinculados ao outro, mesmo que essa
experiência tenha ocorrido para uma consciência pré-reflexiva. O vínculo ao
outro é estrutural e estruturante para o sujeito; matar o outro é cometer
suicídio. Continua, afinal, a estar tudo nas mãos do Homem!
Imagem do Google
Olá, Humberto, bem-vindo, amigo!
ResponderEliminarEssa pandemia veio para ficar por bom tempo, e na verdade ninguém ainda sabe nada, os médicos cientistas estão tateando e que descubram logo uma vacina para minimizar o alastramento da doença, da contaminação em massa.
Porém, Humberto, muita coisa não mudará no comportamento dos humanos, há 10 mil anos quando começaram as pandemias, parece que os humanos pouco aprenderam no que tange a sentimentos e comportamentos. Talvez sirva para uma reflexão e costumes individuais em que parte começará a refletir sobre suas vidas, o que realmente vale a pena viver. Mas uma tomada de atitudes em massa, não acredito.
Uma ótima semana pra você, espero que tudo esteja bem, muita saúde, cuide-se.
bjus
Coronavirus nome mais falado nesses últimos meses. Terrível tudo isso. Mais nos leva a reflexão. Não vejo a hora que esse mal esteja bem longe de todos nós. Um bom domingo. Um abraço
ResponderEliminarUma excelente dissertação sobre o tema mais actual nestes já largos meses. Ninguém estava à espera de semelhante ataque à vida humana, especialmente sob a forma de algo invisível e tão difícil de combater.
ResponderEliminarHá dias em que acredito que o homem vai conseguir vencê-lo, mas há outros em que me convenço que dificilmente voltaremos a viver despreocupadamente!
Um abraço.
Estamos perante o enigma que a espécie humana, na sua vulnerabilidade e ignorância, tarda em resolver.
EliminarUm abraço.
Como sempre, o meu Amigo, expõe o problema com a simplicidade de quem sabe o que está a dizer. E tem toda a razão quando diz "têm de ficar fora de questão os conflitos sociais, a subjectividade particular ou grupal, a ambição, a ganância e as tensões de poder, para que seja possível a ordem, a uniformização dos valores fundamentais (universais) e a reposição das condições de manutenção da vida. Sendo assim, o foco é apenas um, precisamente porque tanto serve ao indivíduo em particular como à sociedade em geral."
ResponderEliminarÉ verdade e só assim sairemos vencedores desta luta tão desigual...
Uma boa semana com muita saúde.
Um beijo.
Pelo que se tem sabido do desconfinamento vai ser difícil travar a pandemia.
ResponderEliminarAs pessoas continuam irresponsáveis.
Boa semana
Um texto fabuloso e que devo elogiar. Parabéns!
ResponderEliminarO Coronavírus não é um ser vivo, tal como bem escreveu, mas mata quantos apanhar.
Agora, 1ª metade de 2020, não interessam disputas, ódios, sucessos, "guerras" de qualquer género, pois ele está por aí.
Há gente que não pensa e envolve-se em festas, quer em ambiente fechado ou aberto. E tanta informação que existe! Porquê estes comportamentos imbecis?
Caso seja necessário, retrocedamos, embora a economia sofra muito com isso, mas foi a vontade de muitos.
Tudo está nas mãos da Humanidade, sem dúvida.
Grande abraço e boa semana.
Quem porfia mata caça!
EliminarUm abraço.
Bom dia, Humberto
ResponderEliminarÓtima postagem, que essa pandemia termine, Deus nos proteja sempre. Abraços.
Parece tão óbvio que o foco deve estar na saúde e de como resolver o problema do vírus, que quase ninguém compreende que haja lideres de alguns países a defenderem a economia como objectivo prioritário.
ResponderEliminarExcelente reflexão, gostei de ler.
Bom fim de semana, caro Humberto.
Abraço.