sábado, 24 de abril de 2021

 SOLDADOS D'ALÉM - MAR

(1961-1974)


Como se não soubessem de que sorte

eram feitos os feitos dos seus dias

marcharam de mãos dadas com a morte

crianças fardadas de aleivosias


São meninos trajados de mau porte

dos berços roubados a mães e tias

tão inermes nas garras do mais forte

preterindo as mais belas fantasias


No mapa da saudade traçam rotas

muitas vezes sem volta nem lonjura

como se da vida tomassem notas


perdidos nos meandros da guerrilha

e sem cessar congraçam a loucura

colapso que nunca mais desfibrilha.


25 de abril de 2021


NOTA:

A revolução de 25 de abril de 1974 não se consumará nunca enquanto forem esquecidos os veteranos de guerra.

Exige-se reforma/aposentação por inteiro, independentemente da idade e do serviço prestado; impõe-se serviço medico-medicamentoso e apoio psicológico gratuitos.


MANUEL BRAGANÇA DOS SANTOS

11 comentários:

  1. Lo suyo es el soneto, amigo Humberto, una garantía...

    "...No mapa da saudade traçam rotas
    muitas vezes sem volta nem lonjura
    como se da vida tomassem notas..."

    Sublime!! Abrazo, Poeta!!

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    1. Grato, caro amigo. ão tenho tido tempo para nada.
      Um abroaço do Humberto

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  2. Um poema cheio de lucidez e sensibilidade, meu Amigo.
    Tem razão, os veteranos da guerra colonial merecem tudo. Haja justiça.
    Uma boa semana com muita saúde.
    Um beijo.

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    1. Amiga, Graça! Muita saúde e poesia.
      O tempo tem sido escasso.
      Um abraço.

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  3. Oi, Humberto!!
    As guerras não são justas e nelas só existem perdedores e sonhos hipotecados!
    Beijus,

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  4. Olá, Humberto!!
    Que triste são essas guerras, todas as guerras são loucuras jamais entendidas e aceitas por gente normal.
    Espero que você esteja bem,
    um bom restinho de semana!
    bjus

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  5. Olá, Humberto

    Aproveito para te endereçar um convite para participares num desafio literário, que organizo no Palavras Aladas, levando em linha de conta a tua preferência pela escrita poética, sob a forma de soneto.
    Para informação mais detalhada podes aceder a : UM SONETO PARA MACHADO DE ASSIS.

    Abraço fraterno.
    Juvenal Nunes

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