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O
sabor delicioso que se mescla de fantasia
e maravilha,
e que nestes dias perpassa teimosamente a minha memória,
liga-se à festa dos Reis Magos, muito mais bonita do que a
festa do Natal, durante a qual toda a gente só pensa em
cultivar gulas desmedidas; muito mais cristã do que as
celebrações, perfeitamente patéticas e gratuitas
(mas dispendiosas), de enterro do ano velho e de saudações
ao ano novo (?!); ainda, muito mais simbólica do que as outras
duas às quais aludo, devido ao significado de incomensurável
riqueza que encerra o facto de três reis terrenos, ricos e
poderosíssimos, terem sido levados, pela luz de uma estrela, a
prestar homenagem, através da oferta de ouro, incenso e mirra,
a um recém-nascido que, ungido de sublime bondade etérea,
viria a ser rei,
sacerdote e profeta.
Depois
do que fica exposto, é extremamente penoso ter de constatar
que, a nível oficial, em Portugal (que não em Espanha),
os “Reis” foram deliberadamente desacreditados, por omissão,
nomeadamente no cômputo dos dias que até aí
integravam as denominadas Férias de Natal, que não mais
se estenderiam até ao dia 6 de Janeiro de cada ano que passa.
Só esta
alteração, aparentemente simples e inofensiva, encerra
em si um poderoso e devastador alcance, que visa, está bem de
ver, mentalizar as crianças, ao nível ideológico,
para a indiferença, o desprezo, a ignorância a que devem
ser votados os “Reis” e toda a sua maravilhosa
abrangência psicológica, emocional e simbólica.
Nesta conformidade, não
sei para onde caminhamos; mas sabemos todos que, isso sim, não
é com o extermínio de cultos tão envolventes,
harmónicos, significativamente simbólicos e saudáveis
como o eram o dos “Reis” – Gaspar, Melchior e Baltasar – três
dos vultos que estruturaram, adocicaram e (re)temperaram a minha
infância (e que se quedam indeléveis e impolutos no meu imaginário, tecendo a harmonia saudável do meu verdadeiro self), que conseguiremos respeitar as nossas crianças
ou valorizar a sua educação. Punhamos os olhos no
admirável exemplo da nossa vizinha Espanha!
NOTAS: O FANTÁSTICO
ocorre quando o seu realismo suscita a dúvida que a lógica
não consegue explicar; a narrativa de carácter
sobrenatural cria o efeito fantástico sempre que hesitamos
entre causas naturais e sobrenaturais;
O MARAVILHOSO
nunca converge no sentido do real nem do seu contrário, sendo
mesmo encarado naturalmente, como acontece na cultura judaico-cristã.
Manel, querido amigo,
ResponderEliminarum grande e belíssimo post o teu! Não só pela alusão a esta época festiva, como por tudo o que nos transmites e que concordo plenamente. Se bem que seja igualmente dispendioso(...) pelo menos recordas a quem não viveu antes, a beleza da festa dos reis, as suas cantigas. Quem não se lembra de ouvir cantar os reis? Tudo vai meu amigo, amortalhado com o mofo do tempo...
Boas Festas, sejam de Natal, de Reis, de Ano Novo
O que importa é dar-te o meu abraço!
Boa tarde,Zé
ResponderEliminarNão há nada que possam fazer que apague da nossa memória a comemoração do Dia de Reis.
O pior é não poderem,actualmente, as crianças festejarem este dia! Se bem que,em alguns locais do nosso país, se continuem a cantar «As Janeiras»! E é bom que assim seja!
Cabe aqui aos professores, no início do 2º período,lembrarem aos seus alunos como era o dia 6 de janeiro e o que significa.
Parabéns elo teu texto. Feliz dia de Ano Novo e de Reis.
Beijinhos
Mana