segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

VIGÍLIA DOS SENTIDOS

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Confiadamente 
escutei o silêncio 
no eco das areias que o tempo furta 

Na clausura do vazio tentei erguer
a apoteose de todos os momentos 
na intuição dos recados 
que a tua voz projectava 
em timbres de solar rubor 

Viajei na infância 
a saudade de todos os lugares
que soubeste comigo
num secreto regresso
à bonomia das raízes 

Levantámos uma torre indestrutível
nos esteiros da Ria
no rio das esteiras 
na humidade dos juncais
em junquilhos de fragrância
na surpresa das revelações 
no canásio que guardaste
no pasmo dilacerante do ocaso 

Hoje sei o que é morrer 
na vigília dos sentidos

2 comentários:

  1. Querido Zé
    Este poema faz-te regressar à infância e ter saudades, o que é bom!
    Eu sei que ele tem uns anos, mas neste momento há que manter todos os sentidos em vigília para não nos deixarmos morrer.
    Infelizmente, não sou capaz de reproduzir o comentário que inicialmente tinha escrito.
    Um beijinho
    Mana

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