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Sobre
as relações humanas, mormente no que toca às conjugais, há bem pouco tempo,
escrevemos algures: “ (...) Não devemos dar aos outros, nem mesmo àqueles a
quem amamos incondicionalmente, mais do que eles nos merecem, nem é tão pouco
aconselhável que alimentemos expectativas, relativamente aos mesmos, de
retornos afectivos improváveis, no âmbito das suas incompetências e
inabilidades emocionais”. Pois bem, não obstante a aparente lógica que esta
pequena reflexão possa, eventualmente, revestir; ainda que o teor da mesma nos
induza a pensar o óbvio; mesmo que a conclusão mais imediata, a que chegue uma
mente racional, aponte para a evidente interpretação e aceitação das coisas,
tal e qual elas se nos apresentam, sem derivas, distorções, equívocos ou
mal-entendidos, uma coisa é a teorização das situações, outra é a vivência
empírica das mesmas, em termos de aparente normalidade, sempre que integramos
determinado contexto.
Se fosse comigo, eu fazia e
acontecia – ouvimos, por vezes, dizer... Em tese, tudo é possível. No terreno,
em situação, o caso muda de figura, e, sempre que se nos deparam metas,
objectivos, fitos em vista, os ritos que preparam os cultos, e que culminam nos
comportamentos atitudinais, isto é, na acção ou interacção com os demais no
seio do social, devem reunir, uma espécie de energia granjeada
“cerimonialmente”, paulatinamente, no âmbito do esboço do esforço propedêutico
que prepara um dado passo a concretizar na vida de cada um de nós. Vamos a
exemplos: o primeiro ingresso na escola; o primeiro exame; o primeiro encontro
de namorados; o primeiro emprego; o primeiro filho, enfim, tudo isto (e muito
mais) requer o seu devido enquadramento e, mesmo assim, varia de pessoa para
pessoa e é também influenciado pela qualidade da personalidade (inteligência,
individuação, carácter, consciência, identidade, afirmação) dos indivíduos em
presença, ainda que dentro de determinado padrão de normalidade aparente.
Convém notar que, sempre que escrevemos, nos referimos à cultura ocidental.
Relativamente a estes últimos exemplos, como, de
resto, face às restantes situações da vida, repletas de contratempos,
sacrifícios, contrariedades e conflitos, os indivíduos, caso não tenham
beneficiado de uma ambiência familiar salutar, isto é, se não foram
convenientemente desejados, aceites e amados, devidamente educados, ou seja,
equilibradamente preparados para os constantes desafios da existência, podem
experimentar nas suas relações com os outros (duais ou grupais) reacções de
compensação dissonantes, desagregadas, esquizóides, começando por se alterar a
presença do seu próprio corpo no horizonte da consciência, isto é, o sentimento
de si tolda-se de irrealidade, não chegando nós nunca (ou raramente) a perceber
se estamos a ser postos em causa ou, se pelo contrário, estaremos em presença
de seres infelizes de quem não devemos
“alimentar expectativas de retornos afectivos improváveis, no âmbito das
suas incompetências e inabilidades emocionais”, tal como afirmámos no início do
presente escrito.
As relações humanas. As relações conjugais. O que escreve é certo na teoria. Na prática, penso que tudo passa pela tolerância...
ResponderEliminarUm abraço, meu amigo.