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As
famílias numerosas são aquelas que, como se depreende, são constituídas por mais
de dois filhos. Este tipo de famílias são menos frequentes nos dias que correm,
por razões óbvias que se prendem com a logística espacial ligada à exiguidade
das habitações urbanas; por força da ausência de capacidade financeira das
famílias modernas, tradicionalmente institucionalizadas ou unidas de facto; em
virtude da crise do progresso, sempre mais redutor do que redentor; devido,
ainda, ao trepidante ritmo da vida actual e à forma exigente e cínica como o
patronato, cada vez mais, sobrecarrega o trabalhador de atribuições sem
correspondência ao nível das remunerações, folgas, interrupções e férias, e
isto, bem entendido, no âmbito dos escassos empregos que ainda vão surgindo por
aí, tanto públicos como privados ou até das IPSS.
Nestas famílias respira-se um clima
aparentemente interessante e efectivamente cénico, colorido, sem deixar de ser
profundamente dramático, em virtude da dinâmica que aí se gera, se pensarmos na
ambiência doméstica sempre carregada de um duplo antagonismo, aquando da
interactividade relacional dos irmão e irmãs em presença, pautado, não só pela
amizade dos pares, mas também pela agressividade. Evidentemente que este
fenómeno não é linear.
Relativamente à psicologia da
criança, existe um conjunto de elementos que respondem pelo resultado da
variabilidade da influência exercida sobre a constelação fraternal, quer pela
manifestação de agressividade, quer pela tradução de afectividade de atracção.
Esses elementos são, em primeiro lugar, com é óbvio, o número de descendentes
nascidos no lar em questão; a periodicidade verificada entre partos e que determina
a diferença de idades; a alternância ou a uniformidade dos sexos das crianças;
o posicionamento dos sexos na seriação dos nascimentos; a validação ou rejeição
inconscientes de cada uma das gravidezes e nascimentos, por parte dos
progenitores, uma vez que as crianças podem ser produtos desejados ou nem por
isso...
A complexidade formal e substancial
vivida no seio das famílias numerosas é subtil e diversa nos seus múltiplos
contornos endógenos e exógenos: aqui, cada criança pensa menos em si e mais nos
outros, logo, tornar-se-á menos egocêntrica e mais empática; mas, é vital que a
cronologia dos nascimentos respeite a devida distância entre os mesmos e que o
conjunto dos filhos não seja exageradamente numeroso, porque uma família não é
uma ninhada de patos – três, quatro irmãos é já aceitável e suficiente. Importa
reter, neste particular, que a indisponibilidade de tempo significa que o
número de crianças a requerer atenção, apoio e cuidados afectivos orientadores
ultrapassa a capacidade de comprometimento dos pais e impede ou disfunciona o
seu papel educativo, potenciando a indisciplina, a agressividade, isto é,
precipitando a ansiedade, podendo emergir as simpatias particulares e a
segregação entre pares.
Em conclusão, diremos que gerar um
único filho é manifestamente insuficiente, uma vez que os pais são sempre
tentados em idolatrar o filho, em se projectar nele, para o bem e para o mal,
criando, muitas vezes, ansiedades e inseguranças insanáveis, quando não
petulância, egoísmo e fanfarronice, ou, até, melancolia e desejo frustrado de
integrar ambientes onde possa conviver com outros seres da sua idade. Como
afirmou Buda Gautama (556 a.C - 476 a.C), o fundador do Budismo, a família ideal deve gerar dois
filhos, já que o casal progenitor é constituído por dois elementos, evitando
assim ser ultrapassado (sob todos os pontos de vista) pelo número dos seres
gerados e nascidos.
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