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Não
há volta a dar-lhe. A liberdade é uma abstracção.
Tanto mais, quanto mais dela se fala. Já repararam na
dificuldade, quando não na absoluta impossibilidade de nos
referirmos à “Liberdade” enquanto realidade sensível?!
Sim, o que é, afinal, a liberdade enquanto realidade
sensível?! Tal representação palpável não
existe, de facto. Pode existir, contudo, no domínio dos
conceitos, das ideias; muito embora, neste caso, se verifique uma
clivagem mental de certos elementos constituintes de determinada
entidade complexa, não abarcando, portanto, na totalidade, a
sua base material.
Não é por
isso, contudo, que a liberdade pode correr o risco de ser escamoteada
dos desejos, das preocupações, dos sonhos mais
prementes do ser humano. Tal desiderato colaca-se hoje, mais do que
nunca, devido à escalada da violência interétnica,
da ameaça global da alta finança, do espectro dos novos
imperialismos, da renovada corrida aos armamentos de destruição
massiva. Tudo isto traz à memória colectiva, as duas
últimas guerras globais e as respectivas causas económicas,
políticas e sociais que as precipitaram. Vivia-se, nesses
tempos, sob a égide da rigidez educacional, da intolerância
religiosa, da sofreguidão económica, do abuso de poder,
da estratificação social.
Importaria, agora, que a
Educação seguisse novos rumos, privilegiasse renovadas
e criativas opções, enveredasse pelos refrescantes
caminhos da decência pedagógica, da liberdade relacional
ancorada em aprendizagens significativas, no âmbito de um
enquadramento sustentado no pleno conhecimento das várias
etapas da psicologia do desenvolvimento. Nada disto se passa. A
(des)educação continua a alicerçar
personalidades ignorantes, patéticas, indesejáveis,
doentias, potencialmente sado-masoquistas. A sociedade continua a
enfermar de várias epidemias psíquicas – basta estar
atento à comunicação social.
A
falta de liberdade, de coerência, de equilíbrio
psicopedagógico, de sentido prático e de efectiva e
funcional harmonia didáctica, configurada pelo ancilosamento
das estruturas de ensino/aprendizagem (agrupamentos, inconsistência
curricular, deriva psicopedagógica) não favorecem: nem
o conhecimento, nem o crescimento mental, nem a maturidade do
carácter das crianças, dos adolescentes e dos jovens.
Ai de quem ignora a fase mágica do desenvolvimento infantil. É
que vai sendo tudo cada vez menos diferenciado, poético e
simbólico, porque se combate, tacitamente (ou não), os
sentimentos mais profundos das crianças, as sensações
mais legítimas dos adolescentes e os pensamentos mais
criativos dos jovens. E não é que os alunos são
um extraordinário radar?! Eles vão crescer absorvendo
instintivamente tudo o que de pior lhes oferece a educação
e os adultos a ela ligados (consciente e inconscientemente),
crescendo na perversidade, mas regredindo dissociativamente para o
infantilismo, sem apelo nem agravo. Nem por isso se sentirão
mais livres e felizes no seu dia-a-dia. Antes pelo contrário!
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