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O
inesgotável interesse pelo debate (democrático) de
ideias permanece, por isso mesmo, infinito, profícuo e
gratificante. Esta prática, enquanto actividade intelectual
profundamente saudável, deve ser capaz de se furtar aos
actuais ventos que vão soprando das omnipotentes,
omnipresentes e omniscientes redes virtuais, ditas sociais, para que
a erecta postura filosófica de quem raciocina não seja
devastada (já aqui o escrevemos), pela dependência
viciante, ilógica e ambígua, vazia de verdade e
emocionalidade, dessas mesmas redes.
Aqui,
ganha a globalização à territorialidade; a
uniformização dos contextos vence o polimorfismo das
envolvências; o ecletismo ponderado e selectivo perde perante o
seguidismo mimético dos cultos, das crenças, das
assunções e dos ritos formatados... Desembocamos todos,
afinal, na fossa da solidão virtual; no isolamento; no
pensamento único padronizado; na vacuidade do tempo e do
lugar, “trabalhando”, sem pensar, no sentido de garantir uma cada
vez mais castigadora angústia existencial.
“Nem
tanto ao mar, nem tanto à terra”, diz a sabedoria popular,
isto é, “in medio
virtus”. Sendo
assim, importa saber gerir as “TIC”
com
inteligência, tirando partido das suas reais potencialidades,
não dando nunca por concluído o debate em relação
às mesmas, e, acima de tudo – e aqui a incumbência
aplica-se rigorosamente à família primeiro, e à
Escola depois –, não isentado de responsabilidades todos
quantos tutelam crianças e jovens em formação.
Por
falar em jovens... Joaquim Leitão, cineasta português de
grande talento, depois de concluída a sua mais recente obra
cinematográfica (2017) – “O
Fim da Inocência”,
suponho, estará a aguardar as reacções dos
críticos. Tratando o filme, da maneira como os adolescentes se
devotam à contingência, ao social, aos objectos
externos, deixando-se envolver de forma precipitada, fatalista e
parasitária, na vida nocturna, nas drogas, no sexo, no álcool,
na vida relacional meteórica, inconsequente e irresponsável,
para depois passarem o dia na cama – em contraciclo biológico,
aventaremos uma primeira observação: Não estará
J. Leitão a meter no mesmo saco, por inteiro, todos os
adolescentes e jovens portugueses?! Ou terá o cineasta optado
apenas pela franja dos que não resistem à atracção
do abismo?!
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