terça-feira, 12 de dezembro de 2017

SUBSÍDIOS PARA DEBATER A ADOLESCÊNCIA



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        O inesgotável interesse pelo debate (democrático) de ideias permanece, por isso mesmo, infinito, profícuo e gratificante. Esta prática, enquanto actividade intelectual profundamente saudável, deve ser capaz de se furtar aos actuais ventos que vão soprando das omnipotentes, omnipresentes e omniscientes redes virtuais, ditas sociais, para que a erecta postura filosófica de quem raciocina não seja devastada (já aqui o escrevemos), pela dependência viciante, ilógica e ambígua, vazia de verdade e emocionalidade, dessas mesmas redes.

        Aqui, ganha a globalização à territorialidade; a uniformização dos contextos vence o polimorfismo das envolvências; o ecletismo ponderado e selectivo perde perante o seguidismo mimético dos cultos, das crenças, das assunções e dos ritos formatados... Desembocamos todos, afinal, na fossa da solidão virtual; no isolamento; no pensamento único padronizado; na vacuidade do tempo e do lugar, “trabalhando”, sem pensar, no sentido de garantir uma cada vez mais castigadora angústia existencial.

        “Nem tanto ao mar, nem tanto à terra”, diz a sabedoria popular, isto é, “in medio virtus”. Sendo assim, importa saber gerir as “TIC” com inteligência, tirando partido das suas reais potencialidades, não dando nunca por concluído o debate em relação às mesmas, e, acima de tudo – e aqui a incumbência aplica-se rigorosamente à família primeiro, e à Escola depois –, não isentado de responsabilidades todos quantos tutelam crianças e jovens em formação.


          Por falar em jovens... Joaquim Leitão, cineasta português de grande talento, depois de concluída a sua mais recente obra cinematográfica (2017) – “O Fim da Inocência”, suponho, estará a aguardar as reacções dos críticos. Tratando o filme, da maneira como os adolescentes se devotam à contingência, ao social, aos objectos externos, deixando-se envolver de forma precipitada, fatalista e parasitária, na vida nocturna, nas drogas, no sexo, no álcool, na vida relacional meteórica, inconsequente e irresponsável, para depois passarem o dia na cama – em contraciclo biológico, aventaremos uma primeira observação: Não estará J. Leitão a meter no mesmo saco, por inteiro, todos os adolescentes e jovens portugueses?! Ou terá o cineasta optado apenas pela franja dos que não resistem à atracção do abismo?!

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