domingo, 10 de novembro de 2013

A POLÉMICA PERSPECTIVA DO SEXO

        O polémico psiquiatra e neurologista, Wilhelm Reich (1897-1957) defendia as suas muito próprias teorias de combate à moral sexual burguesa, apontando os possíveis caminhos da felicidade humana, através da queda de todas as barreiras repressivas, idealizando uma sociedade sem traumas, na medida em que a líbido pudesse ser canalizada livremente e sem tabus, proporcionando a pacificação psicológica dos indivíduos. Só que o sexo constitui apenas um dos aspectos da vida humana, e as coisas não podem nem devem gravitar unicamente em torno dessa realidade.

         Se olharmos à nossa volta, não obstante a liberdade dos tempos que vão correndo, rápida e facilmente constataremos o quão enganados estavam os especialistas que, na linha de Reich, defendiam uma espécie de anarquia sexual. Basta que escutemos os telejornais e acompanhemos os diários deste nosso Portugal, também neste campo, imensa e incrivelmente martirizado. O sexo desenfreado, de feição puramente animal, ao invés de libertar e realizar o ser humano, tem tido o condão de o viciar e seviciar, de o tornar dependente, de o agrilhoar sem dó nem piedade.

        No nosso tacanho rectângulozinho, onde se confrontam várias classes sempre eivadas de mesquinhas e inconfessáveis motivações, o fenómeno da sexualidade tem desendadeado uma enorme controvérsia, já de si inconsequente, porque cíclica ou gratuita, sempre que, uma vez por outra, ousa esgrimir argumentos balofos, meramente lúdicos, sem deixarem de se insinuar pintalgados de um certo narcisismo doentio, tão típico, afinal, do desfile mediático do insuportável cortejo a que fazem gáudio em pertencer e participar os políticos da nossa praça.

         
        Não nos podemos dar ao luxo de falar de sexualidade só por falar, ou porque se trata de uma problemática que hoje assume foros de moda. Quão efémera é a moda, no fundo, todos sabemos e, por isso mesmo, importa encarar este assunto com frontalidade e sentido da sua real implantação nas modernas sociedades ocidentalizadas, das quais Portugal não pode nem deve constituir excepção. Não nos quedemos, então, reféns de preconceitos, complexos, hipocrisias, excessos, falsas morais ou seguidismos miméticos. Discernimento, consciência moral, racionalidade, pragmatismo e clarividência procuram-se...

Nota: net pic

2 comentários:

  1. Meu querido
    Mais um belo texto sobre um assunto deveras sério,mas que nem sempre é tratado como tal.
    Embalados na liberdade,não podem ser cometidos todos os excessos relacionados com sexo,como temos vindo a assistir.
    Consciência moral? Já não me parece que preocupe os responsáveis pela Educação,neste país. Qual é o motivo para uma criança de 10 anos poder escolher se quer ter ou não a Disciplina de Educação Moral? Na maior parte dos casos,são os jovens que se matriculam e dão aos seus Encarregados de Educação os impressos para serem assinados.Na correria em que se vive, e ao fim de um dia de trabalho,alguns pais nem sequer lêem o que estão a assinar.
    Discernimento?
    Alguns mal entendem o que está escrito...
    Procura-se quem saiba elucidar melhor alguns dos nossos compatriotas,para melhorarmos esta situação tão caótica!
    Muitos parabéns
    Uma boa semana
    Beijinhos
    Mana

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    Respostas
    1. Olá, cara linda!
      É isso mesmo: tem sido tudo deixado ao Deus dará... ou, quem sabe, ao Diabo trará...
      Mas, a política da terra queimada é assim mesmo que funciona. É cada vez mais importante que nos mantenhamos atentos, no sentido de nos furtarmos a todo o tipo de acções desenvolvidas com vista à alienação colectiva, procurando sempre laborar na busca da nossa identidade comum, enquanto comunidade relacional com um Norte absolutamente definido e criterioso, rejeitando os delírios da zona Euro, que têm surgido na forma de simples resultados doentios de uma incomensurável alucinação a 28.

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