Considero
ser chegada a altura de dar por encerrada a presente temática,
não sem antes tentar discernir um pouco sobre estes dois
aspectos intrínsecos da sexualidade humana – o corpo e a
alma.
Sob
o ponto de vista antropológico, o homem é visto,
modernamente, segundo uma perspectiva de unidade absoluta, tendo em
conta a dimensão absoluta do seu próprio ser. Nós
somos o nosso próprio corpo e é através dele,
enquanto impregnado de uma alma que o vivifica, que sentimos as
alegrias, as frustrações, os desejos; é no
corpo, e pelo estímulo da alma que concretizamos a
interactividade com o universo dos outros, perseguindo a realização
dos nossos sonhos.
Fácil, portanto,
se torna concluir que, sendo embora cada um dos seres humanos um
corpo animado pelo espírito, somos também seres
sexuados. Nesta conformidade, não é conveniente, ou
melhor, não é possível tentar desviar o sexo da
unicidade corpórea e espiritual que o integra, forçando-o
a trilhar caminhos que obviamente banalizam e desequilibram a função
da sexualidade propriamente dita, ao serviço do ser.
Assim sendo, a
sexualidade deve servir o homem, visando a sua dignificação,
a sua realização pessoal, familiar e social, enquanto
expressão profunda da afectividade dos casais, na senda da
paz, da harmonia e da tranquilidade familiares, na construção
de uma sociedade equilibradamente estruturada, onde o bem estar
psicológico e afectivo possam gerar seres saudáveis,
felizes e úteis ao próximo. Ao invés, devemos
rejeitar todas as formas de violência aliadas aos distúrbios
sexuais, nomeadamente as violações, o tráfico
humano e a prostituição; a publicidade aberrantemente
sexuada e, por último, essa indústria execrável
que dá pelo nome de pornografia.
Nos nossos dias, a
sexualidade tem sido problematizada de forma complexa e radical,
através de modernas práticas técnico-científicas:
congelamento de embriões, fecundação in vitro,
clonagem, transsexualizações, aluguer de úteros...
Tudo isto levanta inúmeras e intrincadas questões de
cariz bioético, as quais não arrisco equacionar.
Por último,
resta-me abordar um dos aspectos mais ignorados da sexualidade – a
outonal, tão imprescindível afinal. A todos quantos
tutelam os nossos velhos recordo: a sexualidade não se esgota
apenas na genitalidade, na intimidade física que busca o
orgasmo e a procriação... ou não; os nossos pais
e avós, genitalmente debilitados ou mesmo inibidos de agir,
por força da idade, doenças, ou fármacos, podem
sempre optar por outras formas de sensualidade, entre as quais se
encontra a simples carícia, o beijo, a conversa cúmplice
e marota, lado a lado; um abraço, um pezinho de dança,
etc., etc.. No fundo, no fundo, o importante é estar vivo e
fazer sentir ao outro isso mesmo.
NOTA: net pic
Querido Zé
ResponderEliminarOra aí está o cerne da questão. O IMPORTANTE É ESTARMOS VIVOS E FAZERMOS SENTIR ISSO MESMO AOS OUTROS,fazendo com que também eles se sintam vivos e queridos.
Quanto às modernas práticas técnico-científicas,é bom que o ser humano se lembre disso-só é humano,não um CRIADOR.
Parabéns pela forma como abordaste a questão.
Bom fim de semana.
Beijinhos
Mana
Concordo. A sexualidade não tem a ver só com o acto sexual em si, mas sim com o toque, carinho, presença, cumplicidade, conversar e acima de tudo eliminar os preconceitos que nos foram incutidos. Gostei do tema, muito bem abordado. Beijinho e bom fim de semana.
ResponderEliminar