Ao
nível dos conceitos, tendo em conta a representação simbólica que subjaz à
essência propriamente dita da coisa que se pretende objectivar, enquanto
significado que não deixa de evoluir com o decurso dos anos, devemos estar
atentos à consideração dos sinais concretos que a prática de uma observação dos
factos sempre nos permite.
Pois, mas em relação às sondagens de
opinião, sempre que um novo acto eleitoral se avizinha, tudo se torna mais
intenso e obnubilado, sem deixar de ser menos convergente e pedagógico. Como
escreveu Feuerbach (1804-1872), no prefácio à segunda edição (2009) de “A Essência do
Cristianismo”: “(...) o nosso tempo prefere a imagem à coisa, a cópia ao
original, a representação à realidade, a aparência ao ser (...)”.
No próximo dia 04 de Outubro de 2015
os portugueses votarão (ou não), na sequência de mais uma campanha eleitoral
(?!!!) repleta de sondagens. Siderados, atordoados, perplexos, confusos ou
atónitos, mas, seguramente, desinformados, os portugueses deslocar-se-ão às câmaras
de voto (ou não).
Reparem que, a respeito de
sondagens, já no dia 25 de Maio de 2011, depois da hecatombe das políticas que
levaram Portugal a mais uma bancarrota, escrevemos o seguinte: “(...) vamos,
isso sim, conversar um pouco sobre certos fenómenos que têm ocorrido nesta
campanha eleitoral e que, aparentemente, distorcem a realidade, não sabemos se
por mero acaso, se por força de concertadas estratégias desviantes, a par
daquilo que se passa, também, no âmbito da diarreica profusão de sondagens,
claramente penalizadoras da nossa tão maltratada democracia.
É que, ao invés de se formar e
informar o povo, de acordo com aquilo que deviam ser as campanhas eleitorais,
apresenta-se-lhe um mal urdido conjunto de cortejos delirantes,
incompreensivelmente ofensivos, onde perpassam as mais ridículas baboseiras,
que as televisões cobrem exaustivamente, numa clara opção pelo interessante, em
detrimento do importante, facultanto às audiências o que elas querem ver, e não
o que deve ser visto – tudo isto calculadamente entremeado, como se disse, por
um autêntico cataclismo de sondagens”.
Sondar radica no verbo latino “subundāre”, que
significa: mergulhar, afundar. Ora, estes sinónimos podem também
indiciar afogamento ou eventuais dificuldades com o lodo das profundezas. Uma
democracia madura deve ser capaz de fazer o seu próprio acto de contrição.
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