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Neste
conturbado início de século – decorre o ano de dois mil e quinze –, parece
difícil definir, ou tão só pretender clarificar os caminhos que se apresentam à
Humanidade. Estes, a continuar a existir, afiguram-se cobertos pelo manto
indefectível e inextricável da impotência das maiorias, face à prepotência
despótica e discricionária das minorias estratégica, velada e sub-repticiamente
posicionadas. Desta maneira, tornam-se aqueles (os caminhos) ínvios e
obnibulados, e vão gerando em torno do objecto dos nossos desejos mais
legítimos – a felicidade primordial –, o atavismo redutor que reifica as
criaturas.
A vida sem valores sublimes perde
toda a significação, a totalidade do seu sentido, a inefável pulsão do sonho, e
vai cavando à sua volta o vazio identitário que impede a afirmação da
sensibilidade afectiva amadurecida, coarctando a transcendência de um
simbolismo libertador. Para o ser humano, vergado que está sob o peso sombrio
de uma existência angustiante e castigadora, que o progresso potencia e agrava,
mais importante do que colocar questões é agir com determinação (viver) de
forma a satisfazer as exigências mais intrísecas da interioridade do indivíduo:
nobreza de carácter, altruísmo e totalidade, como, de resto, aconteceu na
helenidade.
E foi precisamente à pureza grega
que o Renascimento foi buscar inspiração: como escreveu Jean Delumeau (1923-…),
“o Renascimento definiu-se a si próprio como movimento em direcção ao
passado”, porque “quis voltar às fontes do pensamento e da beleza”,
no livro “A Civilização do Renascimento” (1967). Entre 1320 e 1680, a Europa
viu-se a braços com pestes, fomes, guerras, e permanentes confrontações
político-ideológicas e religiosas que propiciaram o caos e a bancarrota.
Bastou, no entanto, a mudança de atitude dos europeus, durante esse período, para
que o velho continente se redimisse: a aventura dos Descobrimentos aliada à
estética do Renascimento possibilitaram a mudança a caminho do futuro. Para
isso, sonhar foi fundamental como defendeu o filósofo Ernst Bloch (1885-1977).
Mas, ao contrário do que aconteceu nesse tempo, não é
mais possível hoje, alegadamente em nome de Deus, encetar a mudança, a partir
da exploração, do saque e do aniquilamento do outro lado do planeta;
actualmente constitui obrigação moral (Kant 1724-1804) a prática universal
efectiva de um movimento que dê sentido ao mundo, ao conhecimento, à
globalização, à aceitação do outro, à coexistência pacífica da diversidade
cultural e étnica, em direcção à virtude e à felicidade.
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