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Tolstoy (1828-1910),
Neill (1883-1973) e Dewey (1859-1952) – dizia-nos um interlocutor de
circunstância que já não têm voto na matéria, por terem morrido há um número
considerável de anos (?!!!) – defenderam ao longo das suas vidas um conjunto de
ideias revolucionárias para a época, na óptica da implementação de ideais
nobres, mormente no que à escola dizia respeito: ao invés de a mesma ser vista
como um complemento circunstancial de lugar onde se depositam crianças, aquela
deveria passar a ser olhada como um enquadramento formativo, de âmbito
relacional. Aqui, a intersubjectividade das pessoas em presença (docentes,
discentes e pessoal coadjuvante) ganharia consistência na consideração da
importância, fundamentalmente, da vida escolar do quotidiano, isto é, não tanto
com os olhos postos no futuro nem com a obsessão de educar no sentido restrito
do acto.
Neste aspecto
particular, John Dewey mostrava-se intransigente e assertivo, tendo afirmado
mesmo que os profissionais do ensino, enquanto móbil institucionalizado do
poder, não possuíam nenhum tipo de competência didáctico-pedagógica, já que
exerciam sem amor. É que a educação não pode nem deve ser confundida com
práticas de condicionamento e doutrinamento das crianças, como vem acontecendo,
também nos nossos dias, cada vez com mais eficácia e sistematicidade, visando a
subreptícia exploração social e ideológica dos indivíduos que constituem, desde
já, a matéria-prima (argamassa) do tecido sócio-comunitário.
Nas décadas que
se seguiram ao fim do segundo grande conflito mundial (1939-1945), muito boa
gente tentou concretizar projectos educativos, repletos de inteligência,
criatividade e sentido prático, embora raros tenham resistido ao cinismo
ideológico das políticas que sempre cedem aos intentos dos mercados. Leila
Berg (1971) – (1917-2012), na obra Children`s Rights, na qual
colaborou, refere algo profundamente polémico, relatado pelo jornal Washington
Post de 29 de Junho de 1970: às crianças (três a seis mil alunos) mais
desfavorecidas e irrequietas da cidade de Omaha, para não incorrerem em
problemas de indisciplina escolar, eram-lhes prescritos (escândalo dos
escândalos) Ritalina, Dexedrina, Deaner, Aventyl e Trofanil (Berg, 1971:
66).
Neste quase final de quartel do século XXI, este tipo de
métodos, este género de estratégias aberrantes ter-se-ão alterado, quiçá
modificado, reconvertido – julgamos nós –, até porque os objectivos que
procuram alcançar, encontram um aliado de peso... exactamente, referimo-nos às
novas tecnologias de informação e comunicação, sempre em tempo real e
globalizadas. Estas vão pautando, não só o pensamento único, politicamente
correcto, mas também a uniformização comportamental dos seus mansos seguidores,
viciando, impedindo-os, imaginem, delas se desligarem, até mesmo, como temos
testemunhado, à mesa de um qualquer restaurante. E eles aí estão: sentados à
mesa com os pais e a sua complacência mórbida, apenas fisicamente, mas ausentes
de contexto, auscultadores nos ouvidos, sempre sobre o carapuço ou boné (?!),
ou sobre ambos (?!!!), um olho no tablet e o outro no bitoque. É
trágico, sem deixar de ser caricato.
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