quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

ALGUNS DESVIOS EDUCACIONAIS


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        Educar é, provavelmente, uma das tarefas mais nobres e indispensáveis a ser implementadas pela sociedade dos homens, junto dos mais novos, no sentido do desenvolvimento harmónico destes, sob o ponto de vista mental, físico e social, dotando-os, para tal, de conhecimentos, competências e aptidões, assegurando assim a sua integração, de forma equilibrada e proveitosa (socialização), ao longo das várias fases etárias, a começar, necessariamente, no jardim-escola.

         Isto seria, como se depreende, o ideal, já que, no dia-a-dia, a normal prática educativa sofre, mais vezes do que seria expectável, desvios de percurso, erros, problemas e distorções, que tanto podem ser imputados aos pais e aos professores, como aos sistemas educativos, da responsabilidade dos respectivos governos; destes, principalmente, deveria vir o exemplo de excelência, empenho e aprumo. Temos assistido, as mais das vezes, a imensa demagogia, a surpreendente incompetência e a escandalosa negligência. Mas situemo-nos, para já, no terreno escolar dos desvios:

      Em contexto de sala de aula, quer devido a uma manifesta impreparação psicopedagógica, quer por força da dinâmica das sensibilidades inconscientes em presença, o educador pode cair no erro do arbítrio, da injustiça ou da justiça incongruente, da hiperprotecção ou da negligência; pode ainda dirigir-se à criança através de diminutivos lamechas, mantendo uma interacção de dependência aduladora, alternando recompensas e castigos, arrastando consigo a criança num mútuo de incompreensão e angústia, passível de originar nesta perturbações psico-somáticas e motrizes.

       Pode acontecer, também, que este tipo de situações faça despoletar um certo sado-masoquismo relacional encapotado, do qual sai sempre mais prejudicado o ser com menos defesas físicas e mentais, ou seja, a criança. A chantagem material ou afectiva, como moeda de troca junto de certas crianças ou mesmo do grupo, gera o culto de ambições egóicas clivadas e enreda o menor numa espécie de formatação amestrada. A reserva mental dirigida ao grupo, pautada pela vigilância sobre os instintos, coarcta a natural predisposição anímica dos seus elementos e atrofia a saudável manifestação das necessidades infantis e a sua sede de estímulos psicológicos gratificantes.


    No que toca ao ambiente familiar, só o sadio comportamento dos pais pode ajudar a criança; não, entre outras coisas reprováveis, o tratamento diferenciado face aos géneros, por força de presunções culturais erróneas – conscientes ou inconscientes; não as frustrações projectivas dos progenitores, na busca de compensações errantes inconfessáveis; não o filho/a moço/a de recados, nem tão-pouco substituto/a dos pais, durante um fim-de-semana ou ao longo de umas mini-férias do casal – brincar às casinhas só é útil para a criança se decorrer da sua própria iniciativa, com carácter lúdico, simbólico e absolutamente desprovido de obrigatoriedade ou sentido de responsabilidade e prestação de contas aos adultos. Não, mas não mesmo aos filhos preferenciais em detrimento do outro ou dos outros. De resto, aos adultos exige-se que sejam exactamente isso... Adultos; sejam eles pais, educadores ou governantes.

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