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Antes
de mais, situemo-nos: foi o próprio Freud (1856-1939) quem atribuiu a Joseph
Breuer (1842-1925)
a autoria da Psicanálise,
embora aquele já tivesse descoberto, antes disso, a essência
da mesma. Ao longo dos dois anos (1880-1882) em que Breuer
tratou a histeria de Anna
O.,
Freud
foi sendo informado do caso, mas, só em 1885, quando Charcot (1825-1893),
esforçado e honesto, traz novos ensinamentos sobre os
histéricos e apela à importância das neuroses, é
que Freud
revê, interpreta, sintetiza e integra as várias
ocorrências no âmbito da Psicanálise.
Ainda que sem causa anatómica – dizia Charcot
– a histeria existe mesmo, não é uma simulação;
e Freud
considerou que a mesma radica no inconsciente...
Com
paciência e perseverança, Breuer
recorria à hipnose para concretizar o método catártico,
associando o sintoma histérico à sua causa, levando
Anna
O.
à remomorização e verbalização
completa do facto em si, de modo a integrá-lo na consciência
normal da doente. Freud
viria a sistematizar este processo, introduzindo-lhe, porém,
alterações de monta, como, por exemplo, abandonando a
hipnose; optando pela livre associação de ideias do
paciente, recorrendo às suas imagens, pensamentos e fantasias,
cujo peso patogénico o Ego
não tolera. Sobrevem, então a resistência entre o
consciente
e o inconsciente,
o que dificulta a tranferência.
No
decurso das suas investigações,
Freud
junta à Livre
Associação de Ideias,
outros conceitos assaz úteis como o são a Atenção
Flutuante,
a Neutralidade
e a Abstinência.
O 1.º e o 2.º são recursos fundamentais para fazer
vingar o processo onírico, ao invés do discurso
sistematizado e linear do doente. A Atenção
Flutuante
é isso mesmo, quer dizer, não é direccionada
para nada em especial, mas valida tudo o que possa parecer importante
no âmbito do fluxo
transferencial,
bem como a Neutralidade
e a Abstinência.
Mais
tarde, Bion (1897-1979) daria
um novo impulso à Psicanálise.
Na sua obra “Atenção
e Interpretação”,
de 1970, este cientista trabalhou o conceito de “Memória
e Desejo”,
referindo a submissão do analista à mais exigente
observância de se abster de memorização e desejo,
junto do paciente, não forçando nunca a compreensão
e a cura.
Este
tipo de disciplina, que o analista impõe a si próprio
na interacção que estabelece com o doente, confirma uma
nova abordagem do estado de espírito necessário, quer
ao analista, quer ao paciente, para evitar constrangimentos
impeditivos do normal e sucedido fluxo mental do analisado, e ainda,
obstando a interpretações erradas (parciais) por parte
do analista. Com Bion,
avançava-se assim para um novo e mais abrangente patamar
epistemológico...
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