– (...) Oh, fulano, por que razão é
que o meu amigo continua a escrever com a grafia errada?! Então, ignora o
Acordo?
Quem assim falava era um amigo de
longa data, acabado de chegar à confeitaria onde nos encontrávamos a bebericar
um chá de cidreira e a degustar um bolo de arroz. Isto foi já há cerca de um
ano, depois de uma perseverante-gratificante sessão de ginásio. Por amizade e
sentido didáctico-pedagógico, lá explicámos ao cavalheiro o essencial da
questão:
Aquilo a que se chama Acordo
Ortográfico (1990), nem é ortográfico nem é acordo. Em primeiro lugar, porque, neste
caso concreto, o acordo é humanamente impraticável, logo, tanto quanto julgamos saber,
nenhum dos restantes parceiros (CPLP-Comunidade de Países de Língua Oficial
Portuguesa), possui meios para concretizar o mesmo; em segundo, porque
a palavra ortografia significa – escrita correcta, e todos sabemos que essa
correcção radica na etimologia das palavras, ou seja, na origem, na verdade das
mesmas, e não no arbítrio de certos políticos (alegadamente) ignorantes, narcisistas e caprichosos.
–
Portanto, meu caro, julgo que me fiz entender quanto à Verdade e à Correcção da
minha grafia e à ausência de Sentido do “Acordo”. Ou não será assim?
–
Pois muito me conta!... Olhe, que nunca tinha pensado nisso!...
--
É justamente o que acontece (alegadamente) com certos deputados; não pensam!
Olhe, se tiver tempo, procure no blogue ANGULUS RIDET o escrito
“Sobre o Absurdo Ortográfico”, para não estar aqui a maçá-lo mais sobre o
assunto. E agora fale-me do seu refúgio de Verão, em Vilar de Mouros!...
E continuámos a conversação,
versando assuntos de somenos importância, servindo-nos dessa extraordinária
faculdade, inerente apenas à espécie humana, que é a linguagem. É através da
linguagem que se dá existência às coisas, quer dizer, a linguagem é a forma
constitutiva do Homem, e, segundo Jaques Lacan, também “o inconsciente está
estruturado como uma linguagem”, daí, certas atitudes humanas que ficam sempre
por explicar. De qualquer maneira, as tais coisas nomeadas devem possuir sempre
uma imagem mental conceptual definida, cujo referente se forme através da
correcta verdade significante, detentora do maior peso e clarividência
possíveis.
O pretenso acordo ortográfico é mesmo uma trapalhada e das grandes.
ResponderEliminarCaro Humberto, um bom fim de semana.
Abraço.
Sou e sempre fui contra o acordo ortográfico. E nem me sinto obrigada a usá-lo... Um texto cheio de coerência e lucidez.
ResponderEliminarUm beijo, meu Amigo.
Gostei muito deste texto que vem de encontro à minha maneira de pensar e actuar- NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO! - tal como mostro na barra lateral do meu blog.
ResponderEliminarAinda hoje recebi um email contendo um vídeo sobre a língua portuguesa em Angola, onde podemos ver que o dito acordo não lhes diz nada. Eles têm a sua própria língua, que resulta da mistura do português com os vários dialectos falados no país. E quanto ao acordo... nem sequer ligam a mínima importância.
Quem é, afinal, que está a cumprir o acordo? Os (alguns) patetas portugueses, que parece não terem orgulho na nobre língua de Camões.
Agradecendo a sua gentil visita ao meu blogue...
Votos de uma boa semana.
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS
,¿Como estas?
ResponderEliminarde vos aprendo
Tratando de traducir se que me pierdo muchas cosas
Lo siento un abrazo grande
Muito bem Humberto, é preciso dizer das artimanhas destes que não tem o que fazer e ficam criando o que nem eles sabem.
ResponderEliminarGostei do seu grito e faço coro junto.
Semana boa para você.
Abraços de paz.
“Ainda o acordo ("orto")gráfico”
ResponderEliminarQuanto a mim continuo a escrever exatamente como aprendi, não por orgulho ou honra, mas sim porque faz parte da minha identidade e valores culturais. No entanto não me choca que outros optem por não fazê-lo... até porque a língua portuguesa ao longo dos anos tem sofrido alterações ortográficas sem que com isso tenha perdido a sua importância. Será sempre a matriz quer seja escrita na Ásia, África ou América. Por muitos inconvenientes que causem, a ortografia de uma língua está em constante evolução e os vários acordos ortográficos que tivemos na nossa língua são o exemplo disso.
Esta é a minha linha de pensamento e conduta.
Beijinho, Poeta e um bom fim de semana.