Portugal, enquanto país
inserido na Comunidade Europeia (até ver), não pode nem
deve alhear-se da multiplicidade dos desígnios comunitários,
mormente no âmbito da política educacional, onde o
cidadão que não seja capaz de dominar, no mínimo,
dois idiomas, estará, à partida, desfasado da natural
ambiência cultural, relacional, comunicacional inerentes à
normal interacção interpares do todo dos 28 estados
membros.
O aliciante da
problemática vertente reside no facto da aprendizagem de uma
segunda língua – para além da materna, dever ser
recomendada para a fase etária em que se encontra a criança,
depois de devidamente familiarizada com o 1.º Ciclo do Ensino
Básico e com a estrutura basilar da Língua Portuguesa,
bem interiorizada e consolidada, isto é, preferencialmente no
3.º ano de escolaridade... nunca antes!
Primeira ideia a reter:
aos alunos com dificuldades de aprendizagem, nomeadamente no âmbito
da Língua Portuguesa, não devem ser ministradas aulas
de inglês, mas devem, isso sim, ser facultados apoios no
sentido de combater o insucesso verificado na aprendizagem da língua
materna. É que a toleima do inglês, a que os pais
aderiram alarvemente depois do eleitoralismo balofo dos governantes
ter institucionalizado a sua leccionação ao desbarato,
sem motivação nem enquadramento; sem avaliação
dos contextos inerentes ao facto, nem selecção rigorosa
de docentes cabalmente preparados para o efeito; sem experiência
de princípios, nem conhecimento de causa, deixa tudo a
desejar, numa escola cada vez mais à deriva, em rota de
anárquica colisão de resultados, onde os meninos
desfilam, no dia-a-dia, por mera rotina mimética.
Fazendo jus ao ditado
popular que nos alerta que é “de pequenino que se torce o
pepino” (destino), com uma iniciativa desta dimensão, se
acompanhada da sensatez para a qual temos estado a chamar a atenção,
aposta-se, fundamentalmente, no desenvolvimento integral e integrado
da criança, estimulando a comunicação oral e
escrita, promovendo a igualdade de oportunidades, o conhecimento do
mundo, a diversificação de culturas; facultando a
desinibição; favorecendo, enfim, o sucesso mais
alargado de todas as crianças envolvidas. No ensino precoce de
uma língua, podem ainda ser acrescentadas vantagens ligadas ao
desenvolvimento sócio-afectivo e cultural dos alunos, à
tomada de consciência, por contraponto, da existência da
língua materna como fenómeno; ainda a uma maior
flexibilidade mental na formação de conceitos.
Em
todo este processo, convém não esquecer, o professor é
tão importante como os alunos. Nesta medida, torna-se condição
“sine
qua non”, na
leccionação de uma língua estrangeira, aos 3.º
e 4.º anos de escolaridade, que os docentes possuam uma formação
cuidadosamente adequada, de forma a aliar, para além das
matérias curriculares impostas para os cursos de Línguas
e Literaturas Modernas, nas suas vertentes diversas, as matérias
das áreas curriculares também exigidas para o exercício
da docência no 1.º Ciclo do Ensino Básico, sem
esquecer o imprescindível estágio de um ano nas escolas
do 1.º Ciclo. Claro que nada disto se tem verificado...
Tenhamos
sempre presente, também, que leccionar neste grau de ensino é
muitíssimo mais difícil do que leccionar noutro
qualquer, devido à exigência de reconversão das
representações mentais do docente, no sentido de se
fazer entender por esquemas mentais em constante redimensionamento
formativo, pelo que a linguagem utilizada deve apresentar-se,
configurando aturadas especificações, tendentes a
facilitar a percepção e interiorização
conceptual das temáticas abordadas; portanto, não
basta, ao contrário do que muito boa gente pensa, ser
professor de inglês ou, apresentar-se como habilidoso na
matéria, explicador ou coisa que o valha. (CONTINUA)
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