É
já impressionante o rol de queixas que os cidadãos
portugueses vão tendo dos governantes, dos partidos, e das
instituições criadas por uns e por outros, por se
permitirem agir, nem sempre através de processos
suficientemente transparentes. Quando se trata de
auditar todos eles, raras são as vezes em que não vêm
a lume um ou outro quid pro
quo resultante
de erros de avaliação (por omissão ou distorção) das múltiplas situações
em presença (a imperfeição é a essência
do ser humano), a exigir, portanto, a
preocupação de comportamentos e protagonismos eivados
de bom senso e pragmatismo actuante.
Mas
o mesmo se passa no âmbito da União Europeia (zona Euro
ou a 28), depois do eixo franco-alemão ter chegado à
conclusão que a bacia carbonífera do Rühr,
deixaria de ser pomo de discórdia (tinha motivado as 1.ª
e 2.ª Grandes Guerras Mundiais), para, em 1950, passar a ser
ponto de partida de interesses comuns – mudam-se
os tempos... Assim, tanto a França como a Alemanha, passaram a gerir em
conjunto o mercado do carvão e do aço através de
uma Alta Autoridade. Foi desta maneira que, um ano depois, surgiu a
Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA), que
vigoraria a partir de 1952, instituída pelo Tratado de Paris.
E por aí fora, invocando sempre acordos e implementando
tratados que, a pretexto do bem da união, mais não
fazem do que ir debilitando, paulatinamente, os países do Sul
da Europa em proveito de interesses hegemónicos de domínio
inconcebível. Logo, mais lamúrias, decepções,
choro e ranger de dentes.
E
podia falar ainda de outros países, por esse mundo fora, mas
vou apenas tocar ao de leve a tese que hoje me traz aqui e concluir
rapidamente sobre as disfunções comportamentais dos
cidadãos nacionais.
Face
à complexidade factual mal percepcionada de um quotidiano
redutor, anacrónico e demencial, uma vez que vai sendo urdido
pela incompetente mediocridade dos “heróis”
nacionais ungidos pelo voto popular, o povo, incrédulo, mas
sempre reincidente, já só sabe chorar as suas mágoas,
convencido de que a responsabilidade é só dos outros,
numa demonstração aflitiva de sintomas neuróticos
introjectados, tal como nos descreve Sandor Ferenczi (contemporâneo e amigo de Freud), quando adianta que a histeria colectiva força a
líbido a desinvestir o objecto, por desprazer, numa
transferência incompleta tendente a diluir responsabilidades
nos outros, enfim.
No
entanto, como todos fazemos exactamento o mesmo, levados por um
atavismo arreigado de larguíssimas dezenas de anos...
centenas, se dermos ouvidos a Roberto de Mattei, quando este refere
os tratados de Westfalia de 1648, enquanto vírus que irá
minar a coesão Europeia por rejeição a qualquer
referência transcendente. Bom, de volta a Portugal, recordo o
nosso filósofo José Gil: “o queixume delirante
constitui também um modo de justificar todo o pragmatismo de
sobrevivência, o não-cumprimento da lei, a
irresponsabilidade, o “desenrasque”
,
a esperteza na acção” – saloia, tal como fazem os
governos, onde se vão encontrando, cada vez mais, autênticos
sucedâneos do chico-espertismo, valorizado desde há
muito pelo povo que somos.
ResponderEliminarOlá,querido
Vim aqui, porque já me esqueci se te disse ou não obrigada pelo teu comentário ao meu poema «A PARTIDA».Se já disse,está dito.Se não disse,agradeço agora e aproveito já para te felicitar por este bem conseguido artigo.Podia ser uma aula de história,mas não é .Para mim é antes uma reflexão,mas eu não incorporo nenhum dos personagens citados.Comigo,quando qualquer assunto não está certo,na minha ótica,vou logo a quem de direito,dando conhecimento aos congéneres mais próximos.Nunca me dei mal com isso .Aprendi com o nosso pai.
Ainda agora acabo de fazer o mesmo, a pedido e juntamente com a Marta ,para um país estrangeiro.O que não podemos é ficar quietos à espera que os euros caiam na nossa conta,sem nada fazermos.
Sempre fui uma lutadora e,com a idade,esmerei-me.O céu é o meu limite.
Parabéns pelo artigo.Já foste ao blog da querida Anne Lieri?
Da maneira que tu escreves,vais ter logo destaque.Já te dei o link.dizes que és meu irmão.Na blogosfera,gostamos de saber com quem lidamos.
Bom fim de semana.
Beijinhos da
Mana