Começo
por recordar o princípio relativamente ao qual o famoso
filósofo francês do século XVI e XVII
(1596-1650), de seu nome Descartes, fundou toda a sua doutrina -
“Cogito, ergo sum” - Penso, logo existo. Este homem, através
da dúvida metódica, idealizou uma racionalidade cujo
critério da autoridade deveria dar lugar ao da evidência
intelectual.
Mas,
é claro, isto não passava de uma tolice de filósofo,
e ainda para mais, doutrinada no antanho obscurecido dos tempos;
hoje, no moderníssimo século XXI, para quê
pensar?! Manda quem pode e obedece quem deve, principalmente se
estiver com a corda dos créditos na garganta, que é a
pior forma de dever. Exactamente, caro leitor, não o vou maçar
com filosofias; vou antes pensar (enquanto posso, dado que as
minorias nos impedem de pensar, a nós, maiorias, por todos os
meios e mais algum) um pouco consigo, até para ter aquela
sensação Cartesiana de que ainda existimos.
E
já agora!... Deu que pensar aquela intervenção
de um ex-governante (não merece ser nomeado, sequer), do tempo designado de vacas gordas (a utilização
de expressões bíblicas confere aos políticos uma
certa feição apocalíptica), quando o mesmo, na vigência do executivo de Sócrates, através de uma das rádios da nossa língua
de terra europeia, sublinhava, com veemente imprecação,
que lhe dessem ouvidos, de uma vez por todas, porque já tinha
avisado, aquando da decadência do cavaquismo, que a idade da
reforma deveria ter subido nessa época, os ordenados descido,
os horários laborais alargado, as pensões diminuído...
E por aí fora! Que asco, Santo Deus!... Como se as migalhas
que são destinadas a vencimentos e pensões pudessem
perturbar os inconfessáveis desígnios do lucro, em
relação ao qual tudo o resto se decide.
São,
isso sim, as contradições do sistema capitalista,
absolutamente desregulado, virtual e voraz, que têm estado a
trocar as voltas aos mentores desse mesmo sistema. O homem não
pode dar livre curso às suas tendências de animal que é,
predador por excelência. Por isso existem normas, leis,
regulamentos, princípios estatutários, códigos,
etc., aos quais tudo e todos devem estar sujeitos para que seja
possível viver em sociedade; daí a importância de
um sistema educativo integrado e inteligente; daí a
fundamentalidade de um sistema de justiça sério,
actuante e criterioso; daí a essencialidade de um sistema de
saúde que preze os cidadãos e o contributo válido
que estes prestam à sociedade e que só a ausência
de doenças consegue garantir. Isto deve valer, também,
para todos os países pretensamente civilizados.
Inversamente,
tudo tem sido feito ao arrepio desse conjunto de princípios
pelos quais o homem se deveria reger. Mas, afinal, também já
há quem queira ressuscitar o "estalinismo"! Até que ponto
estaremos então domesticados, for-ma-ta-dos, mesmo depois da queda do muro de
Berlim?! Será que a saudade do autoritarismo, leva à
mutilação do pensamento, ao apagamento da memória,
em épocas conturbadas de decadência, caos e anarquia?!
Porque não deixa de ser muito mais perigoso tudo quanto fica
por dizer, ao invés de tudo quanto é dito. Tudo quanto
se cala, não fomenta a reflexão, mas nem por isso deixa
de laborar no silêncio cancerígeno do inexorável...
imagem google
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Querido Zé
ResponderEliminarEste texto,publicado em 2013,está actualíssimo!
Ninguém quer que sejamos capazes de pensar, e se fosse possível até nem deveríamos existir! Ou estarei a exagerar?! Quem é que serviria a meia dúzia de Senhores Feudais?!
Pois é! Acho que devemos existir,mas não pensar.Para isso estão lá os nossos «administradores»! Administram tudo o que temos e ganhamos de direito,perdendo nós todos os direitos alcançados até agora!
Assim é que está certo para os «Senhores»! Eles pensam e nós...existimos .
Parabéns,porque me fizeste reflectir e fazer um pouco de catarse,por via de não perder o hábito salutar de pensar. Ainda temos esse direito!!!
Beijinho
Mana
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