Quando
se faz referência à
humanidade e aos afectos que a devem ligar, importa falar do cérebro
para lembrar o papel ancestral do córtex
cingulado –
sistema
límbico, onde se alocam os sentimentos ou afectos primários
dos primeiros mamíferos; e do neo-córtex
– sede
das funções cognitivo-afectivas superiores complexas,
capazes de pensamento e linguagem e de diferenciar emoções.
Mas,
o acesso à cultura e à estrutura simbólica que a
consubstancia tem tido efeitos, mais ou menos disruptivos, que têm
redundado, ao longo do tempo, em perturbações e
alterações que distorcem a afectividade em geral e, em
particular, a sanidade mental.
Embora
a moderna psiquiatria, nos alvores do século XX, tenha
balizado diferenças entre as perturbações
afectivas generalizadas, que oscilam entre a tristeza e a euforia –
Valentin
Magnan
(1835-1916)
apelidou o fenómeno de “loucura
intermitente”;
e Emil
Krapelin
(1856-1926)
tivesse oposto a este as demências
precoces (paranóia, hebefrenia e catatonia);
foi Eugen
Bleuler
(1857-1939)
quem, a partir desta instância nosográfica, as designou
de esquizofrenia.
Pensamos que esta especificação é útil
nesta fase da abordagem da matéria em apreço. Assim, as
perturbações afectivas de carácter geral, note-se, ao contrário da
esquizofrenia,
não derrotam, irremediavelmente, nem a personalidade nem o
intelecto do indivíduo.
Contudo,
convém lembrar que este tipo de afecções, de
certa forma, acompanhará o doente pela vida fora. A
recorrência verificar-se-á através de uma
variabilidade e periodicidade irregulares, podendo configurar
bipolaridade e unipolaridade. Nestas, o quadro habitual é a
depressão; naquelas, a síndroma integra,
alternadamente, crises maníacas e crises depressivas. Ainda
assim, não esqueçamos que, quer num caso quer no outro,
a qualidade de vida do doente e de quem com ele (con)vive se altera
profundamente, sendo necessário manter um tratamento
farmacológico cri-te-ri-o-so e terapia de proximidade;
raramente se recorre à electroconvulsivoterapia.
Não faremos, por
agora, o enfoque etiológico desta perturbação,
mas, ainda assim, apontaremos para causas transgeracionais de ordem
genética e biológica, e para o ambiente familiar onde
grassa a violência doméstica, a frieza emocional e
afectiva, a crueldade mental, o sadismo e a asfixia relacional; tudo isto, afinal, passível de induzir insuportáveis stresses.
Imagem do Google
ResponderEliminarEm questões cerebrais, apesar de estarmos longe de saber tudo, a medicina tem feito progressos notáveis.
Um tema interessante, gostei de ler.
Um bom fim de semana, caro Humberto.
Abraço.
Doença terrível, uma hora depressão e outra a euforia desmedida, ambas se cruzam tornando a vida insuportável. Sempre temos alguém próximo, que conhecemos, com depressão e bipolaridade. Graças aos medicamentos modernos bom grau do tratamento é alcançado. É um sofrimento contínuo. Não adianta conversar com a pessoa, mostrar-lhe os encantos da vida, a beleza da natureza, mostrar o amor de que lhe cerca. É problema 'químico do cérebro', não são emoções em conflito, melhoram com tratamento químico, psiquiátrico.
ResponderEliminarÓtimo tema, Humberto!
Um bom fim de semana!
bjs