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Falar
de análise transaccional (não confundir com
transicional – Winnicott)
é recordar o psiquiatra canadiano Eric
Berne (1910-1970), e a crença
por si defendida de que o comportamento humano se tornaria mais claro
e perceptível, ao invés da visão psicodinâmica
de Freud. Berne,
no âmbito da sua teoria da personalidade e da psicoterapia a
ela inerente, considera, para tal, os três estádios
presentes em cada ego: pai, adulto e criança. Estes,
funcionariam como dados de um jogo simples de trocas sociais e
familiares – The Games People Play,
livro escrito em 1964.
Berne
via o sujeito como uma espécie de autómato, dotado de
um inconsciente pouco significativo, reagindo no imediato, de forma
previsível, sem problemas de maior. Assim, enquanto terapeuta,
estabeleceu com os enfermos uma relação transaccional,
acordada, conveniente e conivente, onde era possível reactivar
a criança no adulto, pela
força das palavras, eliminando os estádios ego
conscientes.
A indução deste
pretenso autoconhecimento invocado resultaria pouco, provavelmente,
por ser efémero e superficial, embora, alegadamente,
procurasse perceber, em contexto de clínica contemporânea, a toxicidade das formas de pensar, os
comportamentos intersubjectivos relacionais dos sujeitos, as suas
concomitantes frustrações interaccionais, às
quais se comprometia dar a resposta intuitiva cabal, seleccionando os
conteúdos mentais saudáveis, adquiridos ao longo do
tempo, pelo vivido emocional de cada um.
Curiosamente,
Bernie
repete-se e repete Freud,
Klein, Bion e Lacan,
para não referir outros, quando preenche a personalidade do
sujeito a partir de conteúdos já burilados por aqueles
mestres. Vejamos: “O
estado de ego pai”,
“o
estado de ego adulto”
e “o
estado de ego criança”
não são mais do que o grande Outro de Lacan,
a norma, a ordem, o sujeito obstruído de desejo; o superego, a
representação dos interditos, a consciência moral
de Freud;
por último, recordem-se os ensinamentos de Klein
e Bion
– a identificação projectiva (negativa ou positiva),
o apaziguamento interior, a
interacção continente (mãe) - conteúdo
(bebé) de Bion,
a relação
dinâmica entre as posições esquizo-paranóide
e depressiva (Klein),
visando
o crescimento e a mudança.
Nota 1: Respira-se aqui, também, algo (para pior) de Jacob Levy Moreno (1889-1974) e das suas condutas terapêuticas de inserção.
Nota 2: De Khalil Gebran (1883-1931), lemos (2007) que “a base clara da Análise Transaccional - enquanto psicoterapia - é escassa e de baixa qualidade."
Mais um belo texto Obrigada pela partilha:))
ResponderEliminarHoje :-As estradas são como os sentimentos, inconstantes
Bjos
Votos de uma óptima Quarta - Feira
Interessante...
ResponderEliminarObrigada pela partilha.
Abraço
Marta
Esta é uma área para a qual não tenho a preparação necessária para entender completamente o seu texto. Mas, do que percebi, achei interessante, ainda que eu, como leigo, ache excessivo dividir uma pessoa em estádios (embora perceba que é feito para simplificar os raciocínios). Em qualquer caso, este tipo de abordagens são sempre positivas, já que nos fazem aumentar o conhecimento sobre nós próprios e sobre os outros.
ResponderEliminarCaro Humberto, continuação de boa semana.
Abraço.
Querido Zé
ResponderEliminarA intenção de Berne era boa. O «problema» é que nem todos os «doentes» procuram médico especialista e, quando procuram, nem sempre lhes contam «tudo»; às vezes omitem o mais importante e o que tudo despoleta de mau...
Gostei do texto, onde tudo nos resumes.
Um beijinho
Mana
Bela partilha!
ResponderEliminarBeijinho grande no coração
Www.danielasilva.pt
Tu blog un hermoso rincón, me encanta.
ResponderEliminarBesos.