segunda-feira, 10 de junho de 2019

NÃO DIZER COISA COM COISA


Imagem do Google

   Josef Breuer (1842-1925) recorria à hipnose para concretizar o método catártico (purga mental), associando o sintoma histérico à sua causa, levando Anna O. à remomorização e verbalização completa do facto em si, de modo a integrá-lo na consciência normal da doente. Freud (1856-1939) viria a sistematizar este processo, introduzindo-lhe, porém, alterações de monta, como, por exemplo, abandonando a hipnose; optando pela livre associação de ideias do paciente, recorrendo às suas imagens, pensamentos e fantasias, cujo peso patogénico o Ego não tolera.

   Freud sabia que as associações mentais constituem conexões que surgem a partir da cadeia significante, das representações mentais, dos empirismos protagonizados, dos automatismos que resultam dos estímulos. Sempre que algo do género ocorre na vida do sujeito, a isso se associa todo o seu vivido subjectivo. Este não é mais do que a experiência passada, acompanhada das marcas que o seu registo impõe, ao nível da similitude e da contiguidade.

   Todas as aprendizagens do sujeito – umas mais, outras menos – beneficiam deste tipo de associações, como é o caso da memória, da racionalidade e da verbalização. Modernamente, há empresas que recorrem a testes de associação de palavras, na tentativa de melhor conhecerem os candidatos. Se se verificarem perturbações aquando do processo associativo (alterações esquizóides do pensamento), é possível despistar a esquizofrenia.

   Eugen Bleurer (1857-1933) atribuiu-lhes grande importância e aludiu à divagação e ao discurso incongruente, sem nexo, enquanto efeitos da diminuição, descontrolo ou mesmo à falha da capacidade de associação mental do sujeito. Todos estes transtornos comprometem seriamente a intersubjectividade comunicacional e relacional dos afectados e de quantos com eles privam no dia-a-dia. Na actualidade, o problema amplia-se e multiplica-se, e tem vindo a castigar, ainda mais, a qualidade de vida das pessoas.

6 comentários:

  1. Gostei de ler. Obrigada pela partilha:))
    Hoje:-Deambulando pela natureza, sem chão

    Bjos
    Votos de uma óptima Segunda - Feira.

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  2. Com o que escreveu, concordo com a teoria de Freud. Desde muito cedo apercebeu-se que a hipnose não era eficiente e optou pela psicanálise que no meu entender é bem mais realista. Quanto à hipnose ainda tenho dúvidas... li quase todos os livros de Brian Weiss a começar pelo primeiro “ Muitas Vidas Muitos Mestres” . Relativamente à hipnose é possível que possa ajudar no tratamento de auto-estima, angústia, tristeza e até tendências suicidas desde que o paciente acredite na hipnose.
    Gostei muito de ler.
    Beijinho.

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  3. Muito interessante e a associação de ideias é realista, permite uma " ginástica mental" muito salutar. (a expressão de " ginástica mental" não é minha; foi utilizada por um professor que fez uma visita guiada a uma capela aqui no Porto).
    Obrigada pela visita
    Beijos e abraços
    Marta

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  4. Olá, Humberto, sou mais pela teoria Freudiana, mais pela Associação de Ideias a qual me submeti por curiosidade e para conhecer-me melhor, saber de minhas reações pelo auto conhecimento. Também passamos a conhecer melhor os outros com quem mantemos uma aproximação, facilmente sabemos o porquê tal tomada de atitude por uma pessoa.
    Não é facilmente que a hipnose funciona, o paciente tem de querer, tem de acreditar, caso contrário não será hipnotizada.
    Há muitos anos, ainda solteira, participei junto com meu pai, era médico, de umas palestras sobre esse assunto e nelas, tínhamos a demonstração de várias pessoas que se submetiam à hipnose. Muito interessante. Tanto eu como meu marido lemos muito sobre o assunto, temos bons livros, sem dúvida é um tema apaixonante.
    Gostei muito dessa sua postagem, já tinha lido, mas não tive tempo de comentá-la.
    Beijo, amigo.

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  5. É isso, Taís! Temos pontos de vista coincidentes, embora, pessoalmente, nunca tenha experienciado nem a hipnose, nem a associação de ideias. Contudo, esta última possa ser sempre concretizada se conseguirmos proceder à auto-análise.
    Beijinhos.

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  6. (...) PODE ser sempre concretizada (...) melhor dizendo.

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