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A madrugada já vai
alta. Serão talvez umas cinco horas. Não tarda muito o
sol virá beijar a paisagem, de mansinho no início;
depois, com a intensidade gradual característica do mês
de Agosto, neste Portugal tão lindo e tão
imerecidamente maltratado.
A viatura que conduzo
prossegue cautelosamente, não vá o diabo tecê-las;
o diabo e os automobilistas descuidados, que os há por aí
aos pontapés. Subitamente, depois de desfeita uma curva mais,
bem no topo da serra, por entre a densidade fresca e verdejante do
arvoredo, descortino uma sumida e anémica fumaça, em
espiral, subindo na atmosfera em direcção à
minha raiva mal contida; contra os esforços dos soldados da
paz; à revelia dos legítimos e genuínos
interesses das pessoas civilizadas e da saúde já
periclitante do próprio planeta.
Liguei para os
bombeiros. Num ápice, a fantasmagórica criatura
transformou-se num estranho rolo de formas bizarras; engrossou,
tornou-se compacta e foi pairando no ar por sobre um extenso manto de
labaredas impiedosas. Escassos cem metros à frente avisto mais
fumaça e mais e mais, como se estivesse perante uma operação
concertada por um qualquer exército de ódio, de
decadência, de demência, de anarquia, de total destruição
da “ditosa Pátria, minha amada”, vá-se lá
saber porquê...
Tem sido este o
“espectáculo” que mais vezes se tem vindo a repetir ao
longo das últimas décadas, não só e
principalmente no Verão mas também em qualquer outra
altura do ano desde que deixe de chover. No entanto, quando chove, no
Inverno, são as lamas, as pedras e os detritos das áreas
ardidas que invadem as zonas habitadas e provocam o caos. Que diabo!
Quando se argumenta que os incendiários são meia dúzia
de mentecaptos reincidentes, será que devemos cruzar os braços
e permitir que Portugal continue à mercê de atrasados
mentais?! Não seria melhor, quer nesta matéria quer em
tantas outras que nos têm tolhido os passos e desfeiteado a
honra, que o País agisse em conformidade, de forma a obstar
a tão decepcionantes e nefastos registos?!
Pois é, meus
caros amigos, não me compete a mim aventar receitas,
propostas, pareceres ou soluções. Os governos que
comecem a governar, de uma vez por todas, que é para isso que
foram eleitos...
Querido Zé
ResponderEliminarUma óptima reportagem, que é,ao mesmo tempo, um texto de intervenção!
Pergunto:
Temos quem nos governe???!!!
Infelizmente,acho que sabemos a resposta:Se temos,não parece!!!
Neste momento,muitas pessoas,no nosso país,estão já a sentir as consequências doa maus tratos infligidos ao Planeta,pois ele esta a rebelar-se.
A maior prova dessa revolta são as ondas, os ventos,os tufões...
Deus nos acuda!
Parabéns! Vai apontando o dedo,pois pode ser que alguém acorde.
Beijinhos
Mana
Gostei de ler, caro amigo. Infelizmente, quem nos governará um dia, e a doer, será mesmo a natureza! bji
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