segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

PSICOLOGIA E PEDAGOGIA

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  Sempre que se reflecte sobre o acto educativo, quem quiser ser minimamente honesto consigo próprio e também com os outros, não pode deixar de, antes de mais nada e perante a multiplicidade das várias vertentes que se ligam com este tipo de problemática, procurar perscrutar o tipo de relações que, sem deixarem de ser aparentemente contraditórias ou não tanto, se estabelecem naturalmente entre PSICOLOGIA e PEDAGOGIA, para poder concluir que entre ambas existem, não só simples pontos de contacto, mas também uma profunda conexão.



    A perspectiva psicológica que apoia, quer se queira quer não, a actividade pedagógica significativa, ainda que aquela raramente tenha sido formulada numa linha de conhecimento científico, expressa-se na mediata observação das pessoas e na maneira como com elas se lida. Se olharmos a Pedagogia como a "teoria da acção", utilizando-a, portanto, de forma prática, logo, evitando tentações especulativas, somos levados a não ignorar a realidade psíquica em toda a sua especificidade particular, bem como a sua diferenciação gradativa. Embora possam divergir as opiniões dos vários entendidos sobre este tipo de matéria(s), tal facto não anula a verdade das relações existentes entre PSICOLOGIA e PEDAGOGIA, nem tão pouco as torna mais fáceis de descortinar.

   Atentemos na frase de Herbart (1776-1841), quando este afirma: "A Pedagogia, como ciência, depende da Filosofia e da Psicologia práticas, mostrando aquela o objectivo da educação e esta as vias, os meios e os obstáculos". Na prática, as palavras de Herbart pretendem demonstrar que tanto a Psicologia como a Ética devem fundamentar cientificamente a Pedagogia, para que a mesma possa ser vista como ciência.

 Posteriormente, Meumann (1905-1960) apresentou-nos uma nova forma de alicerçar a Pedagogia científica, a partir dos fundamentos da Psicologia experimental. Segundo Meumann, o que até aí tinha estado ausente da Pedagogia, tinha que ver com as bases empíricas do conhecimento das situações, dos contextos, da realidade, daquilo que hoje se define como sendo "o terreno", relativamente ao qual todos os princípios, normas, comportamentos e atitudes pedagógicos devem ser elaborados, determinados e levados a efeito. Estaria assim constituída a tarefa da Pedagogia experimental.

  Lay nivelou, inclusivamente, a Pedagogia experimental pela Pedagogia científica. Hoje em dia, no entanto, as coisas não são vistas exactamente assim, pelo que, consideram os entendidos, nem a Psicologia pode determinar os objectivos e o conteúdo da tarefa pedagógica, nem consegue, de forma isolada, fixar os métodos da Educação e do Ensino.

     A Psicologia, pela sua própria natureza, continua a ser considerada uma ciência do ser e da experiência, ao passo que a especificidade do pensamento pedagógico assenta na abrangência do ser e do dever, num acto mental apenas. Não sendo, portanto, a Psicologia uma ciência de Fundamentos, logo, não é possível encarar a problemática da Psicologia pedagógica como se de Psicologia aplicada se tratasse. (CONTINUA)







2 comentários:

  1. Querido Zé
    Foram mais de 40 anos de constantes preocupações e de estudos de Psicologia, Filosofia, Ética e Pedagogia para um cabal cumprimento das minhas funções.
    Segundo Zabalza, 1992, «Uma escola de qualidade deve contribuir para o sucesso educativo, possibilitando uma formação integral e integrada de todos os alunos. Para isso o currículo deve ser entendido como projeto global de cultura e de formação que dê sentido e articule todas as experiências educativas que o aluno realize.(...) Embora julgue, como Maurice Debesse, que "em pedagogia não há receitas..."» entendo muito útil uma constante autoformação.
    Parabéns pelo teu texto, que nos ajuda a refletir e a entender a complexidade da tarefa que é ser PROFESSOR.
    Um beijinho
    Mana

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  2. Querido Zé
    Permite-me que acrescente que, o mais difícil, sempre foi conseguir a formação integral dos discentes.
    Acompanhar e resolver os problemas das crianças/jovens, seguir os seus interesses e tomar conhecimento das suas necessidades a fim de as suprir, exige uma reavaliação e contínuas mudanças. Cabe ao professor a importante tarefa de alcançar os fins da educação.
    A tua experiência é aqui uma ajuda preciosa para todos os teus leitores, especialmente os docentes.
    Um beijinho
    Mana

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