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A
moderna sociedade (ocidental) do Bem-estar
assenta, ainda e fundamentalmente, em pressupostos conceptuais e
materiais que foi possível conceber e implementar a partir de
uma nova mentalidade e cultura democráticas, ocorridas depois
do “arrumar da casa” tornada caos, dor e perplexidade, em virtude
do descalabro da Segunda
Guerra Mundial (1939-1945).
Como sempre acontece nestas situações, são os
mais indefesos e impreparados – as crianças e os velhos –
a sofrer na pele os efeitos deste tipo de conflitos absurdos,
aberrantes e redutores.
Neste
primeiro quartel do século XXI, tendo em conta a situação
da população mais velha, nomeadamente aqui, em
Portugal, torna-se pertinente interrogar os responsáveis
ligados à Segurança
Social –
sendo
esta uma tão publicitada conquista democrática –, se
se está a respeitar o estatuto do Velho,
em
toda a sua real dimensão, à qual se impõe a
religiosa vertente da dignidade pessoal de quem merece o
reconhecimento do seu historial passado e a mais-valia da experiência
adquirida e do conhecimento acumulado.
Hoje,
volvidos que estão setenta e quatro anos desde o termo do
segundo grande conflito armado mundial; agora, que se contam já
quarenta e cinco anos desde que ocorreu a Revolução do
25 de Abril de 1974, que expectativas podem, afinal, alimentar as
famílias que integram velhos, com os problemas inerentes ao
avanço da idade, e o que é que tem sido feito, por quem
de direito, para resolver (ou tão-só minorar) os
problemas dos velhos?!
Nos
Lares
da
dita Terceira
Idade,
salvo raras e honrosas excepções, tudo deixa muito a
desejar... No âmbito do Serviço
Nacional de Saúde, as
bichas são intermináveis e as marcações
adormecem no tempo, ainda que ignoremos o preço escandaloso
dos medicamentos... No apoio
domiciliário, pelo
menos, tem valido o empenho e a dedicação das
Auxiliares
de Acção Médica, há
uns anos rebaptizadas com a designação (quanto a nós
ultrajante) de Ajudantes
de Acção Directa ou Assistentes Operacionais –
conceitos demasiado vagos, cinzentos e perecíveis, tendentes a
desprestigiar o estatuto genuíno e altruísta de tão
grandes mulheres.
De
resto, tudo se tem consubstanciado na perda de todo o tipo de
direitos laborais, para salários mesquinhos e sobrecarga horária, destas profissionais
que, no seu desempenho de alto risco e desgaste rápido,
se encontram a braços com dificuldades terríveis que
não cabe aqui enumerar. Sim, encontramo-nos face a Um
Drama já Velhinho,
já que drama tem origem na palavra grega, também assim
escrita, que significa, antes de mais, “acção”,
mas
que, na sua asserção mais ampla pode ser vista como o
meio-termo entre a tragédia e a comédia que se
representa no estafado e já velhinho palco da vida, onde
interagem não só crianças e jovens, mas também
adultos e velhos. Saibamos conviver para sermos capazes de viver.
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