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Somos todos dotados de temperamentos diversos, sem que estes
deixem de ser, face aos outros, ou melhor, relativamente aos dos
outros, díspares ou aproximados. Em termos gerais, a noção
de temperamento prende-se com a maneira de ser e de estar (social e
pessoal) de cada um, com a sua índole, com a sua dinâmica
comportamental e a sua intensidade reaccional, avaliadas do ponto de
vista da sua caracterologia psicológica.
Todos
estes sinais distintivos do(s) ser(es) humano(s), alicerçados
constitucional e geneticamente acabam por definir cada um dos
indivíduos, quer estes sejam mais ou menos instáveis,
quer se nos apresentem através de uma certa riqueza de
carácter, agradavelmente firme e segura. Em ambos os casos, é
sempre a sua natureza emocional a pautar a diversidade das
interacções verificadas.
Ainda
hoje os médicos, no final do curso, fazem o juramento de
Hipócrates
(460 a. C.-377 a. C.),
devido ao simbolismo que o mesmo representa (na sua dualidade
essencial relativizada) – quer o juramento, quer Hipócrates
–, mas foi Cláudio
Galeno
(129-199),
no segundo
século d. C.,
que, ancorado no pioneirismo do conhecimento médico de
Hipócrates,
viria a balizar o temperamento de acordo com quatro tipos (“humor”
conforme o corpo) diferenciados:
o melancólico; o colérico; o sanguínio; o
fleumático.
Nos
tempos mais recentes, o psiquiatra E.
Kretschmer
(1888-1964)
defendeu a tese de dois tipos oponíveis, conforme o corpo de
que a natureza os havia dotado, isto é o pícnico
(espesso) – de estatura baixa e provido de abundante massa adiposa; e
o leptossómico
(corpo
delgado)
ou asténico
– alto e franzino; entre ambos, Kretschmer
arriscou o indivíduo atlético.
Temos assim, e no dizer deste especialista, o pícnico,
com tendências maníaco-depressivas
(bipolares),
por possuir uma personalidade ciclotímica
(ânimo
oscilante), sem deixar de ser afável, boa pessoa e muito dado,
embora deveras vulnerável. Já o leptossómico
se encontra no limiar da esquizofrenia,
por ser esquizotímico
(ânimo
fragmentado), o que induz comportamentos tímidos,
retraídos, fechados (autistas), mas excêntricos.
Mais
tarde ainda, viria William
Herbert
Sheldon
(1898-1977)
acrescentar algo mais às teorias empíricas de
Kretschmer,
classificando, também, os indivíduos em somatótipos,
mas aliando as suas potencialidades psicossomáticas,
num quadro de correlação constitucional corporal
tripartida, conforme os temperamentos: a ectomorfa
– forma exterior (magros); a mesomorfa
–
forma intermédia (musculados); a endomorfa
– forma interna (adiposos).
Nos
dias de hoje, afastados que estão os indivíduos da
realidade das interacções concretas e palpáveis,
arriscaríamos apontar, independentemente da configuração
corpórea de cada um e das suas origens genéticas e
constitucionais, o grupo
sorumbático virtual
(maioritário) dos dependentes inveterados das T.I.C.,
com
tendência para engordar e tecer patologias precoces, e o grupo
ecléctico vital
(minoritário), ligado ao convívio, à prática
do desporto, à cultura e às sãs interacções do quotidiano mais genuíno.
Sempre a prender consigo, meu Amigo. A maneira de ser é realmente da natureza de cada um e muitas vezes nada tem a ver com a educação, não é assim? Gosto sempre de o ler.
ResponderEliminarUma boa semana.
Um beijo.
A maneira de ser de cada indivíduo (agreste ou não) radica na sua própria natureza, mas só a Educação a consegue redimensionar formal e informalmente, na altura própria, através dos valores, dos princípios, das normas de conduta, dos cultos, das práticas, das assumpções, dos saberes e das inculcações éticas e estéticas.
EliminarUm abraço.