domingo, 6 de janeiro de 2019

TEMPERAMENTOS


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        Somos todos dotados de temperamentos diversos, sem que estes deixem de ser, face aos outros, ou melhor, relativamente aos dos outros, díspares ou aproximados. Em termos gerais, a noção de temperamento prende-se com a maneira de ser e de estar (social e pessoal) de cada um, com a sua índole, com a sua dinâmica comportamental e a sua intensidade reaccional, avaliadas do ponto de vista da sua caracterologia psicológica.

    Todos estes sinais distintivos do(s) ser(es) humano(s), alicerçados constitucional e geneticamente acabam por definir cada um dos indivíduos, quer estes sejam mais ou menos instáveis, quer se nos apresentem através de uma certa riqueza de carácter, agradavelmente firme e segura. Em ambos os casos, é sempre a sua natureza emocional a pautar a diversidade das interacções verificadas.

   Ainda hoje os médicos, no final do curso, fazem o juramento de Hipócrates (460 a. C.-377 a. C.), devido ao simbolismo que o mesmo representa (na sua dualidade essencial relativizada) – quer o juramento, quer Hipócrates –, mas foi Cláudio Galeno (129-199), no segundo século d. C., que, ancorado no pioneirismo do conhecimento médico de Hipócrates, viria a balizar o temperamento de acordo com quatro tipos (“humor” conforme o corpo) diferenciados: o melancólico; o colérico; o sanguínio; o fleumático.

     Nos tempos mais recentes, o psiquiatra E. Kretschmer (1888-1964) defendeu a tese de dois tipos oponíveis, conforme o corpo de que a natureza os havia dotado, isto é o pícnico (espesso) – de estatura baixa e provido de abundante massa adiposa; e o leptossómico (corpo delgado) ou asténico – alto e franzino; entre ambos, Kretschmer arriscou o indivíduo atlético. Temos assim, e no dizer deste especialista, o pícnico, com tendências maníaco-depressivas (bipolares), por possuir uma personalidade ciclotímica (ânimo oscilante), sem deixar de ser afável, boa pessoa e muito dado, embora deveras vulnerável. Já o leptossómico se encontra no limiar da esquizofrenia, por ser esquizotímico (ânimo fragmentado), o que induz comportamentos tímidos, retraídos, fechados (autistas), mas excêntricos.

     Mais tarde ainda, viria William Herbert Sheldon (1898-1977) acrescentar algo mais às teorias empíricas de Kretschmer, classificando, também, os indivíduos em somatótipos, mas aliando as suas potencialidades psicossomáticas, num quadro de correlação constitucional corporal tripartida, conforme os temperamentos: a ectomorfa – forma exterior (magros); a mesomorfa – forma intermédia (musculados); a endomorfa – forma interna (adiposos).


    Nos dias de hoje, afastados que estão os indivíduos da realidade das interacções concretas e palpáveis, arriscaríamos apontar, independentemente da configuração corpórea de cada um e das suas origens genéticas e constitucionais, o grupo sorumbático virtual (maioritário) dos dependentes inveterados das T.I.C., com tendência para engordar e tecer patologias precoces, e o grupo ecléctico vital (minoritário), ligado ao convívio, à prática do desporto, à cultura e às sãs interacções do quotidiano mais genuíno.

2 comentários:

  1. Sempre a prender consigo, meu Amigo. A maneira de ser é realmente da natureza de cada um e muitas vezes nada tem a ver com a educação, não é assim? Gosto sempre de o ler.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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    1. A maneira de ser de cada indivíduo (agreste ou não) radica na sua própria natureza, mas só a Educação a consegue redimensionar formal e informalmente, na altura própria, através dos valores, dos princípios, das normas de conduta, dos cultos, das práticas, das assumpções, dos saberes e das inculcações éticas e estéticas.
      Um abraço.

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