domingo, 15 de setembro de 2019

DINÂMICA JORNALÍSTICA SIGNIFICANTE


   O Homem é um ser eminentemente social, porque possui a capacidade de comunicar. Para isso serve-se da sua competência linguística que, como refere Roman Jakobson (1896-1982), assenta na existência de um código comum que fundamenta essa mesma comunicação (Kristeva, 1969: 25). O esforço comunicacional que veicula o discurso integra, estruturalmente, o emissor e o receptor, verificando-se, por via de regra, o desejo não só do primeiro fazer passar a mensagem ao segundo, mas também a necessidade de exercício de uma certa influência ideológica no mesmo sentido: tal como disse Jaques Lacan (1901-1981), citado por Kristeva (1969: 26), as formas de operar o discurso concreto “são as da história enquanto constituição da emergência da verdade no real”.

Do mesmo modo, o discurso jornalístico é uma forma de linguagem que se concretiza no acto de comunicar, seja ele operacionalizado de forma oral ou escrita. O discurso, os múltiplos discursos, incluindo o jornalístico, apresentam-se-nos, desde que existe a comunicação social, como um autêntico espelho da sociedade, quer nos cheguem sob a forma de discursos políticos, discursos publicitários, discursos filosóficos, quer sob uma outra qualquer forma. Também aqui, uma vez mais, se verifica a reciprocidade de influências entre ambas as partes, isto é, entre a sociedade propriamente dita e os vários discursos e vice-versa.

Quer dizer: é a sociedade que, plasmada no real, fornece enunciados, cuja legibilidade objectiva apresentar-se-á, de uma forma ou de outra, eivada daquela subjectividade inerente ao tipo de leitura que o jornalista, o político, o filósofo ou o cidadão comum possam fazer, de acordo com o seu próprio edifício sócio-cultural e económico, não sendo de somenos importância o contexto ideológico de cariz democrático ou de outro tipo, tal como se deixou antever no primeiro parágafo deste texto, ao referir Julia Kristeva (1941-++++). É que a(s) frase(s) que dá (dão) forma ao discurso, gera(m)-se a partir do enunciado, enquanto conjunto articulado, organizado de palavras com sentido sintagmático, revestindo sempre, de forma voluntária ou não, a já aludida feição ideológica que a mensagem faz transportar.


   Seguidamente, a partir do corpus que congrega o discurso, importa proceder à sua verificação, numa linha de congruência analítica que possa garantir a quem o elabora, o tipo de comentário necessário à posterior elucidação do público ao qual se destina, no âmbito do assunto contemplado. Estamos já perante o discurso jornalístico, ou seja, é esta a matéria que engloba um quantum informativo, susceptível de gerar o comentário que se lhe adequa. Não se pense, no entanto, que um texto constitui, por si só, o discurso jornalístico. Evidentemente que não. Nem tal seria possível. O texto gera sempre outros textos, dando corpo ao discurso com sentido, no âmbito da realidade sistémica global vivida em cada ciclo noticioso diário.


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6 comentários:

  1. Ciclos noticiosos diários dão origem a essa dinâmica jornalística de que fala o seu texto. Mas, meu Amigo, cada jornalista se deixa influenciar pelo "grupo" a que pertence e as notícias ou reflexões são cada vez mais subjectivas… Gosto sempre de o ler.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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  2. A comunicação, uma boa comunicação é fundamental. É também necessário, que a compreendamos, e que saibamos ver se ela é tendenciosa ou não.

    As notícias diárias, que são em excesso, devem ser isentas e corresponder, exatamente, à verdade, o que muitas vezes não acontece.

    Se atualmente, se comunica cada vez mais, pelos mais diversos meios, é importante que saibamos distinguir o "trigo do joio", o que nem sempre é fácil.

    Beijos e boa semana.

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  3. O jornalismo deveria ser isento e cumprir a sua própria função, mas hoje em dia eu considero que é uma utopia, pois existem muitas limitações para a sua actividade, sempre dependente do poder económico. Infelizmente acabe-nos a tarefa de selecionar e acreditar aquilo que lemos, porém não é fácil...
    Boa semana.
    Beijinho.

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  4. Teu texto é a lucidez
    Do amigo, mas olhe bem:
    Sempre na notícia tem
    A alma de quem a fez

    Como mensagem, talvez
    A influenciar alguém
    E não esclarece, além
    De confundir o freguês

    Que busca identificação
    E o outro lado do balcão
    Quer vender por outro preço.

    E assim, a informação
    De jornais, se queira ou não,
    Tem um suposto endereço!

    Grande abraço! Laerte.

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  5. Quando os jornalistas não se limitam a relatar os factos e começam a opinar, normalmente sai asneira, isto é, não são isentos e até, muitas vezes, manipulam a verdade. Parecem-se, de resto, com os comentadores desportivos que são adeptos declarados dos clubes.
    O tema é interessante e o texto é elucidativo e interessante.
    Caro Humberto, um bom fim de semana.
    Abraço.

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  6. Meu Deus! Queiramos ou não estamos intoxicados de tantas notícias, tantos assuntos jornalísticos, principalmente o jornalismo investigativo. Uma pausa se faz necessário, mas estamos todos viciados para sabermos de imediato a última notícia bomba! Cruzes.
    Beijo, gostei de ler.

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