O
Homem é um ser eminentemente social, porque possui a
capacidade de comunicar. Para isso serve-se da sua competência
linguística que, como refere Roman
Jakobson (1896-1982),
assenta na existência de um código comum que fundamenta
essa mesma comunicação (Kristeva,
1969: 25). O esforço
comunicacional que veicula o discurso integra, estruturalmente, o
emissor e o receptor, verificando-se, por via de regra, o desejo não
só do primeiro fazer passar a mensagem ao segundo, mas também
a necessidade de exercício de uma certa influência
ideológica no mesmo sentido: tal como disse Jaques
Lacan (1901-1981), citado
por Kristeva (1969: 26),
as formas de operar o discurso concreto “são
as da história enquanto constituição da
emergência da verdade no real”.
Do mesmo modo, o discurso jornalístico
é uma forma de linguagem que se concretiza no acto de
comunicar, seja ele operacionalizado de forma oral ou escrita. O
discurso, os múltiplos discursos, incluindo o jornalístico,
apresentam-se-nos, desde que existe a comunicação
social, como um autêntico espelho da sociedade, quer nos
cheguem sob a forma de discursos políticos, discursos
publicitários, discursos filosóficos, quer sob uma
outra qualquer forma. Também aqui, uma vez mais, se verifica a
reciprocidade de influências entre ambas as partes, isto é,
entre a sociedade propriamente dita e os vários discursos e
vice-versa.
Quer dizer: é a sociedade que,
plasmada no real, fornece enunciados, cuja legibilidade objectiva
apresentar-se-á, de uma forma ou de outra, eivada daquela
subjectividade inerente ao tipo de leitura que o jornalista, o
político, o filósofo ou o cidadão comum possam
fazer, de acordo com o seu próprio edifício
sócio-cultural e económico, não sendo de somenos
importância o contexto ideológico de cariz democrático
ou de outro tipo, tal como se deixou antever no primeiro parágafo
deste texto, ao referir Julia
Kristeva (1941-++++).
É que a(s) frase(s) que dá (dão) forma ao
discurso, gera(m)-se a partir do enunciado, enquanto conjunto
articulado, organizado de palavras com sentido sintagmático,
revestindo sempre, de forma voluntária ou não, a já
aludida feição ideológica que a mensagem faz
transportar.
Seguidamente,
a partir do corpus
que congrega o discurso, importa proceder à sua verificação,
numa linha de congruência analítica que possa garantir a
quem o elabora, o tipo de comentário necessário à
posterior elucidação do público ao qual se
destina, no âmbito do assunto contemplado. Estamos já
perante o discurso jornalístico, ou seja, é esta a
matéria que engloba um quantum
informativo,
susceptível de gerar o comentário que se lhe adequa.
Não se pense, no entanto, que um texto constitui, por si só,
o discurso jornalístico. Evidentemente que não. Nem tal
seria possível. O texto gera sempre outros textos, dando corpo
ao discurso com sentido, no âmbito da realidade sistémica
global vivida em cada ciclo noticioso diário.
Imagens (2) do Google
Ciclos noticiosos diários dão origem a essa dinâmica jornalística de que fala o seu texto. Mas, meu Amigo, cada jornalista se deixa influenciar pelo "grupo" a que pertence e as notícias ou reflexões são cada vez mais subjectivas… Gosto sempre de o ler.
ResponderEliminarUma boa semana.
Um beijo.
A comunicação, uma boa comunicação é fundamental. É também necessário, que a compreendamos, e que saibamos ver se ela é tendenciosa ou não.
ResponderEliminarAs notícias diárias, que são em excesso, devem ser isentas e corresponder, exatamente, à verdade, o que muitas vezes não acontece.
Se atualmente, se comunica cada vez mais, pelos mais diversos meios, é importante que saibamos distinguir o "trigo do joio", o que nem sempre é fácil.
Beijos e boa semana.
O jornalismo deveria ser isento e cumprir a sua própria função, mas hoje em dia eu considero que é uma utopia, pois existem muitas limitações para a sua actividade, sempre dependente do poder económico. Infelizmente acabe-nos a tarefa de selecionar e acreditar aquilo que lemos, porém não é fácil...
ResponderEliminarBoa semana.
Beijinho.
Teu texto é a lucidez
ResponderEliminarDo amigo, mas olhe bem:
Sempre na notícia tem
A alma de quem a fez
Como mensagem, talvez
A influenciar alguém
E não esclarece, além
De confundir o freguês
Que busca identificação
E o outro lado do balcão
Quer vender por outro preço.
E assim, a informação
De jornais, se queira ou não,
Tem um suposto endereço!
Grande abraço! Laerte.
Quando os jornalistas não se limitam a relatar os factos e começam a opinar, normalmente sai asneira, isto é, não são isentos e até, muitas vezes, manipulam a verdade. Parecem-se, de resto, com os comentadores desportivos que são adeptos declarados dos clubes.
ResponderEliminarO tema é interessante e o texto é elucidativo e interessante.
Caro Humberto, um bom fim de semana.
Abraço.
Meu Deus! Queiramos ou não estamos intoxicados de tantas notícias, tantos assuntos jornalísticos, principalmente o jornalismo investigativo. Uma pausa se faz necessário, mas estamos todos viciados para sabermos de imediato a última notícia bomba! Cruzes.
ResponderEliminarBeijo, gostei de ler.