Se já não temos tempo para nada
por ser o mais do tempo capital
somos reféns da vida dissipada
pelo ferrete pós-colonial*
Dividir a gente dilacerada
como quem lhe garante o seu bornal
busca tão-só reinar na balaustrada
do redondel do circo mais fatal
Clivar é projectar o que se quer
libertar do desejo que nos tolhe
sem tempo nem lugar e sem sequer
permanecer nas ondas ou no molhe
como se desfolhar um malmequer
pudesse ser o fim que nos acolhe
Nota: *pós-colonial = paramodernidade
Nota 2: imagem do Google
"Se já não temos tempo para nada"
ResponderEliminarÉ por razões de escolhas feitas mal,
Priorizando o que é trivial,
Sendo a essência negligenciada
Pela complexidade da salada
Que as circunstâncias do tempo atual
Impõem à dieta intelectual
De certa informação acelerada.
O bom é caminhar sem pressa à fonte
Olhar em derredor ao horizonte,
Depois beber a água fresca pura.
O apressado como cru, no fronte
Sem poder ler a mensagem que conte
Que existe tempo enquanto a vida dura.
Grande abraço! Laerte.
Um poema muito bonito. Parabéns :))
ResponderEliminarBjos
Votos de uma óptima noite.
É verdade! Se até aqui pouco se fez, daqui para frente o tempo é mais curto, e de nada adianta querer 'tirar os atrasados', como se diz por aqui! É administrar o pouco que temos.
ResponderEliminarShow de soneto, Humberto!
Beijo, uma boa semana.
O tempo "verdadeiro", que passa de qualquer modo, é independente do que acontece. E, como disse Horácio nas suas "Odes", até as palavras que agora dizemos o tempo, na sua voracidade, já arrastou, e nada retorna. Portanto há que aproveitar cada momento como se fosse o último. O seu soneto é excelente, meu Amigo.
ResponderEliminarUma boa semana.
Um beijo.