Acabámos
de escutar, numa breve entrevista televisiva, um especialista em
saúde, quiçá doutorado, afirmar, “(...) oxalá
póssamos
esperar (...)”. Pois! por esta não esperávamos nós!
Dever-se-á tal erro, por hipótese, a um qualquer
resíduo de ignorância larvar, arreigadamente
provinciano, ou, como diz Freud,
a uma “acção
errónea”
– o que vai dar ao mesmo –, enquanto falha oral, neste caso,
devido à acção do inconsciente sobre o
consciente?! Já respondemos!...
Neste
caso, sim, já que as falhas também ocorrem, pelo mesmo
motivo, na altura da colocação dos objectos, da
escrita, da leitura e da memória; o conceito de acção
errónea
inclui também as acções sintomáticas e as
fortuitas, e, sendo embora involuntárias as primeiras e
inesperadas as segundas, ambas se ligam numa dependência
recíproca aos impulsos inconscientes e a mecanismos de defesa
e compensação.
Segundo
um aturado estudo de Freud
(1904),
publicado sob o título Psicopatologia
da Vida Quotidiana,
estes fenómenos (acções
erróneas)
ocorrem no dia-a-dia e ligam-se à sintomatologia dos doentes
neuróticos, podendo ser constatados através da
Interpretação
da linguagem dos
Sonhos. Assim,
o sujeito é barrado pelo seu próprio mecanismo de
defesa, quedando-se pela falha de expressão; a correcção
exterior deve induzir a normal autocorrecção sem
perturbações nem dramas; por norma, fingimos
ser mera distracção ou obra do acaso.
E
Freud
continua: a origem dos erros e falhas verificados no quotidiano é
a mesma de tudo quanto de absurdo e abstruso ocorre nos sonhos,
embora nestes tudo seja menos claro e inteligível; enquanto
acordados, podemos e devemos ser testemunhas das nossas próprias
falhas e incorrecções, para que as possamos emendar. Em
conclusão, Freud afirma que a fronteira entre normalidade e
anormalidade é ténue e variável e que neuróticos
somos todos.
NOTA 1:
Melanie Klein (1882–1960)
afirmaria
depois que a oscilação dinâmica entre as posições
esquizo-paranóide e depressiva e vice-versa é saudável
e necessária.
Nota 2: Imagem do Google
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