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Temos, as mais das vezes, chamado a
atenção do leitor para a deplorável degradação do sistema educativo nacional,
nomeadamente, no que toca ao empobrecimento curricular, à lassidão dos princípios
éticos e dos valores morais, à descaracterização da figura do professor, à
falácia da apregoada autonomia escolar, à anarquia comportamental dos alunos
(desresponsabilização, indisciplina, insolência, infantilização, robotização,
negligência, parasitagem, etc., etc., etc), tudo isto devido à impreparação ou
indiferença (?!) dos sucessivos governos.
É que estes têm sido constituídos
por adultos, pelo menos, tão adultos (cronologicamente) como os paizinhos dos
meninos que demandam a escola de frequência obrigatória. E, sem perder o fio à
meada, recordemos agora, na medida do possível, tudo quanto já temos vindo a
reflectir sobre a violência doméstica, os maus-tratos, as perseguições, o
terror “educativo”, o desamor, os ciúmes, a indiferença, a usurpação de
direitos relacionais, a chantagem afectiva e outras aberracções a que estão
sujeitos os filhos dos homens nascidos em lares disfuncionais. Que espécie de
população escolar irão integrar estes infelizes seres humanos?!
Ora, se, praticamente, tudo na vida
não tem passado de um vulgar jogo de espelhos, se tudo tem sido camuflado pelas
máscaras que vão desfilando pelo palco da existência (Shakespeare), se a
dinâmica social assenta apenas numa espécie de essência de dominação, como
ocorria com a dialéctica do iluminismo, se sofremos (quase) todos de neurose de
abandono – encontrem-nos excepções, com carácter de urgência –, como seremos,
então, capazes de nos furtar ao redemoinho castigador, sufocante das
compensações geradoras de agressividade e afectividade de aversão?!
Como podemos nós continuar a
tolerar, por exemplo, o afluxo insuportável de informação televisiva que
aponta, invariavelmente, para os já habituais e reiterados conteúdos pautados
pelo sado-masoquismo, pela corrupção, pela fragmentação identitária, pela
tolice reiterada e pelo ciúme?! Todos estes aspectos configuram laivos de
manifestação maníaca, o que não é mais do que uma arreigada fixação infantil a
um idealismo destemperado, com carácter acentuadamente omnipotente, fantasista,
onírico, onde o adulto se mostra incapaz de aceitar a dureza da realidade da
vida adulta. É que este sobrevoar da realidade para a fantasia e vice-versa,
num vái-vem pendular, na busca de paz interior, é apenas apanágio da infância.
Não se subvertam as premissas.
A única magia a que se pode agarrar
o adulto, deve ser a das palavras e a dos actos, sempre que aquelas conseguem
transmitir e propiciar rectas intenções, honestas manifestações, íntegras
condutas e firmes propósitos, secundados e sublinhados pelas práticas
comportamentais de autenticidade e isenção, para que, por este tipo de
protagonismo impoluto e exemplar, também as crianças se possam tornar adultos
de pleno direito e de saudáveis intentos.
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