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A ideologia começou por ser uma
disciplina de cariz filosófico cuja principal preocupação se centrou, não só no
estudo das ideias, valores e princípios definidores e orientadores da maneira
de olhar a vida e o mundo, mas também na forma de optimizar a acuidade de
intuição sensível do real envolvente. De acordo com Louis Althusser (1918-1990),
quem primeiro propôs o conceito de ideologia foi Cabanis e Antoine
Destutt de Tracy (1754-1836), acabando por ser Karl Marx quem melhor o
agarrou e teorizou – mas já lá iremos.
As naturais capacidades intelectivas
dos indivíduos e a sua aptidão para a criação e desenvolvimento de ideias
constituíram, no século XIX, o objecto de estudo dos ideólogos. Estes
perceberam que as ideias se ligavam aos métodos de conhecimento (gramática
geral) e a aplicação do pensamento à realidade, no âmbito da lógica, embora não
revestissem, por inteiro, nem formas lógicas ou metafísicas, nem factos meramente
psicológicos, nem categorias do conhecimento. Isto é importante!
Antes de Marx ainda,
refira-se a visão de Maquiavel (1469-1527) no que diz respeito à hipótese de destrinça entre a
realidade (política) e as ideias políticas. Também Hegel (1770-1831) considerou ser
possível, no âmbito do processo dialéctico, a clivagem da consciência,
nomeadamente no devir histórico, deixando aquela de ser o que é para ser o que
não é. Depois de Hegel, então, vem Marx a terreno afirmar não
serem as ideias que governam o mundo, mas as condições económicas que explicam
a história – materialismo dialéctico marxista que partiria da dialéctica
hegeliana, limitando-se apenas a proceder à inversão das premissas.
É desta maneira
que Marx vê a ideologia, considerando que esta se adequa à camuflagem da realidade económica
e social; a luta de classes que se trava no seio da sociedade é, segundo este
filósofo, a própria dialéctica hegemónica da classe social dominante. Esta,
para levar de vencida, tirando partido da força de trabalho das massas
proletárias, afirma, por processos latentes ou dissimulados, através do cinismo
ideológico, os seus reais intentos. Ou, então, a ideologia não ignora nem
oculta a realidade, tornando-se, pelo contrário, o espelho dessa mesma
realidade.
Imaginem agora
que o proletariado toma as rédeas do poder: neste caso a ideologia servirá como
arma de luta das massas populares, na defesa dos princípios
histórico-filosóficos do materialismo dialéctico, enquanto suporte da ideologia
comunista. E o fundamental está dito. Refira-se apenas e ainda, a ideologia
primeira – a democrática, originária da Grécia antiga; a capitalista, surgida
no séc. XV; a conservadora, a nacionalista, a anarquista e a fascista (Itália e
Alemanha – 1930 a 1945). Contudo, estamos já no século XXI, pelo que nos
quedamos por uma última nota, apenas para referir que os filósofos do
pós-estruturalismo acabaram por apontar a ideologia como tendo já subjugado o
próprio marxismo mais renitente. Acham, mesmo?
É complexo uma conclusão Humberto.
ResponderEliminarLi pouco sobre estes pensadores, um pouco mais de Marx e Hegel, por certo devido minha militância na esquerda estudantil um período de transição do governo no Brasil saindo de uma ditadura.
Mas seu texto é muito rico de analises e descrições sobre os pensares.
Valeu amigo.
Abraços