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Segundo
a moderna psiquiatria, existe uma correlação aproximada entre certos tipos de
doenças – aquelas que, nos nossos dias, mais preocupações têm trazido aos
sistemas de saúde ocidentais – e a respectiva sintomatologia verificada. Deste
modo, as perturbações afectivas denotam alterações de humor; as maleitas
esquizofrénicas provocam deformações do pensamento; as afecções neuróticas
potenciam a ansiedade; as perturbações sociopatas levam a dificuldades de
integração e pertença social; as enfermidades orgânicas prejudicam a memória e,
por último, a estagnação ou o atraso mentais comprometem o desenvolvimento
intelectual.
Mas é de ciúme que pretendemos tratar
no presente escrito. Este primeiro parágrafo, ainda assim, remete-nos para um
conjunto de doenças cujos enfermos que delas padeçam, mais do que outros
quaisquer, podem manifestar, no âmbito das suas vidas conjugais, ciúmes
mórbidos. Estes indivíduos, no dia-a-dia, alimentam suspeições insuportáveis
relativamente à mulher ou à namorada, e vão tecendo quadros alucinatórios de
infidelidade e traição, com os quais vão lidando disfuncionalmente.
Esta falta de confiança na companheira,
revela também sintomas paranóides de uma personalidade depressiva, para além da
total ausência de amor-próprio, de auto-estima, e de afirmação e conformidade
sexualmente saudáveis. Assim, bombardeiam a mulher com perguntas ardilosas e
recorrentes. Se as respostas não lhes agradam, então, está o caldo entornado! Eles
andam a ser enganados. Importa, agora, vigiar as saídas dela, os telefonemas,
as idas às compras; passar a pente fino a carteira esquecida em cima do sofá da
sala, agora, que ela está a tomar banho. Ah!, as cuecas ou o sutiã, não vão
estes conter manchas estranhas ou o perfume do outro!...
Uma nova estratégia maníaca pode
contemplar várias relações sexuais durante as vinte e quatro horas do dia, pois
isso talvez a sature e impeça de ceder perante o amante; ou, então, a
perturbação do indivíduo pode levá-lo a tentar afogar as suas mágoas no álcool,
o que acaba sempre por piorar a situação. Podem sobrevir os delírios paranóicos
e, nestes, a presunção de que os filhos não são seus, mas do(s) amante(s), ou,
pasme-se, que a companheira anda a tramar o seu envenenamento.
Em casos deste tipo – e não estamos
a adiantar nenhuma ficção –, têm-se verificado, nos últimas décadas e cada vez
com mais incidência, várias dezenas de assassinatos, seguidos ou não de
suicídio. Quando não se suicidam, por norma, entregam-se rapidamente às
autoridades policiais, manifestando estados de espírito diversos, mas sempre
deploráveis, porque denotam uma complexa mas sempre execrável miséria moral.
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