quinta-feira, 3 de maio de 2018

DISSERAM, EMERGENTES (?!)





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            Por muito que gostássemos, e embora nos encontremos a dias do início de um novo ano (2012)*, ainda não será desta feita que encetaremos um discurso filtrado pela bonomia de uma visão ingénua e inocente, das coisas que nos rodeiam e envolvem. Não é possível ignorar que nos encontramos espartilhados, de forma difusa, alarmante e inexorável, e a braços com o desespero e a impotência de quem tem de viver, sem saber já como fazê-lo.

            É que, cavalheiros, não basta continuar a pagar, a um ritmo obsessivamente maníaco, as contas, em obediência a uma espécie de ritual catatónico, contradito, portanto, pela vertente oponível de inércia motriz e psíquica, que tem determinado o abandono das alfaias e das redes, em nome de interesses obscuros e inconfessáveis. Estes, por seu turno, têm sido pautados por forças minoritárias, mas poderosas, que se têm insinuado, tanto mais facilmente, quanto menos habilmente se comportam os pseudo-protagonistas da política europeia, num quadro de decadente retrocesso civilizacional.

            Tal estado de coisas foi potenciado e começou a alastrar, a partir das primeiras manifestações (hebefrénicas) de incompetência, imaturidade, autismo, delírio demencial, verificado nos finais dos anos noventa do século passado (02/04/1998), quando o patético poder ocidental foi acometido pela alucinação da moeda única e, mais tarde, pelo comportamento bizarro que caracterizou o embotamento da solidariedade social entre os povos europeus.

            Depois da Segunda Grande Guerra Mundial (1939-1945), China, U.R.S.S. e U.S.A. começaram a fazer o trabalho de casa, plasmando-se como um autêntico vírus, junto dos povos africanos, inventados, fundados e definidos pela aventura Europeia do Renascimento. É claro que os princípios e os valores maoistas e marxistas medraram, porque encontraram terreno fértil para o efeito, e, disso só se podem queixar os ”brancos” que nunca souberam ou quiseram encarar as populações africanas, através de uma atitude relacional humana e fraterna... Quanto mais não fosse, por razões de inteligência e estratégia geo-política.

            O impacto brutal deste segundo grande conflito bélico não imprimiu sensatez nos senhores da guerra. Entre 1950 e 1953, uma nova carnificina viria a dividir a Península Coreana em dois novos estados; a guerra fria intensificar-se-ia até à queda do Muro de Berlim em 1989; nos anos de 1960 teria lugar a guerra do Vietenam; em 1973, o choque petrolífero abalou a economia mundial. Depois foi a aventura Europeia, que Winston Churchill equacionou nestes termos: “ Se a Europa se pudesse entender para desfrutar esta herança comum, não existiria limite à sua felicidade, à sua prosperidade, à sua glória, de que beneficiariam 300 ou 400 milhões de habitantes... Precisamos de edificar uma éspecie de Estados Unidos da Europa... Porque não criar um grupo europeu que dê a povos afastados uns dos outros o sentimento de um patriotismo mais amplo e de uma espécie de nacionalidade comum? E porque é que um grupo europeu não deveria ocupar o lugar que lhe compete no meio dos outros grandes grupo e contribuir para a orientação do barco da humanidade?” Pois, do lado de cá do tempo é o que se constata!!!

            Mas a História projecta-se sempre no devir temporal, porque ela é passado; o presente apaga-se, a cada momento, qual lâmpada desligada pelo interruptor das horas, sem que tenhamos sabido aproveitar a luminosidade fugidia das oportunidades; o futuro... esse é sombrio, a não ser que se unam todos os homens de boa-vontade, já que se encontram inseridos nas maiorias e a união faz a força.

            Que dizer também dos inúmeros “entendidos” que enchem a boca com os rotulados países emergentes: a já referida China, mais a Índia, o Brasil e a Rússia, e, quem sabe, talvez Angola... Neles, diz-se, pode estar a salvação!... Talvez! Se calhar!... Uma coisa é certa, porém: a eles se deve já a perdição.

            Disseram emergentes (?!) Claro, claro! Mas que se pode esperar de um grupo de repúblicas, das quais duas são democracias complexas, as outras duas são ditaduras nebulosas, e a quinta enferma de um indecifrável hibridismo?! É que nadando em dinheiro e detendo dívidas públicas de interesse potencialmente letal, devido às suas características, afiguram-se-nos, umas e outras, como se de ameaçadoras bombas-relógio se tratasse.

            Reparem: tal como nos “icebergs”, a massa de gelo emergente, logo visível e controlável, é diminuta; a parte submersa é incomensuravelmente gigante, invisível e perigosa. Parece-nos ainda que os países emergentes funcionam exactamente como os “icebergs”, mas, com uma diferença fundamental: a parte visível desses cinco gigantes geográficos (BRICA), constituída pelas elites governamentais e diplomáticas, não é controlável, e não deixa de ser também, quer queiramos quer não, potencialmente gigantesca e perigosa.
 NOTA: Crónica redigida em 19/12/2011
                                                                                                                                                                                                    

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