Um dos
erros mais graves e comprometedores (mas nem por isso menos
frequente), do saudável desenvolvimento das crianças,
prende-se com a omissão ou a debilidade passiva dos pais que,
muito pelo contrário, deveriam educar os filhos com firmeza e
determinação. São raras as famílias que,
no âmbito desta problemática, se conseguem furtar àquela
preocupação doentia, obsessiva mesmo, de artificializar
o percurso de vida dos filhos.
Nesta medida, adoptam comportamentos deploráveis de hiperprotecção,
assumindo, na prática, posturas parentais exageradamente
ridículas, debilitantes, contraproducentes, enfim, tendentes a
deformar carácteres, a desvirtuar personalidades, a distorcer
capacidades, a enfraquecer habilitações, a rarefazer
competências.
Os
meninos, por sua vez, na sua infinita manhosice, inicialmente
mesclada de inocente ingenuidade, para logo se ir alicerçando
em sólido viveiro de “vícios” eivados de fortes
sinais de egoísmo, de despotismo, de caprichosas tendências
ditatoriais, são, afinal, aquilo em que os paizinhos
insensatamente os transformam.
Reparem:
quando se trata da satisfação dos caprichos infantis,
sem qualquer tipo de critério, se por um lado existem casais
onde um dos cônjuges exerce um maior e mais “musculado”
ascendente sobre o outro, independentemente do sexo em causa, o que é
péssimo para a criança, por outro lado, há
também progenitores que, quer de comum acordo quer à
compita, arrastam as criancinhas para a lamechice, fomentando e
projectando nos infantes representações absurdas de
vedetismo familiar, de heroicidade meramente caseira, de doméstica
e pública plublicitação histérica da
esperteza saloia dos rebentos, como se fosse qualquer coisa do outro
mundo o natural desabrochar da psico-motricidade de uma qualquer
criança.
Evidentemente
que é compreensível a alegria saudável dos pais,
sempre que se registam progressos no desenvolvimento físico e
mental dos filhos; não é isso que se questiona. O que
se lamenta é aquela incapacidade de definir limites para o
possível e para o impossível; o que se deplora é
a ausência de sageza para delimitar fronteiras entre o
permitido e o não permitido; o que mete dó é a
falta de força para estabelecer normas de conduta viáveis;
o que é triste é a inércia que obsta à
aplicação das indispensáveis sanções
sempre que a criança pisa o risco. Educar é amar
intransigentemente.
Os
pais devem possuir a necessária força anímica
para acompanhar os filhos à escola, com a firme determinação
de os acompanhar à escola, isto é, visando dotá-los
de defesas a todos os níveis, caso se encontrassem, também
eles, dotados daquela predisposição mental, capaz de
potenciar um efectivo acompanhamento que em muito ultrapassasse a
simples presença física de quem anseia por despejar o
“estorvo”.
Qualquer
progenitor deve se sentir preparado para dialogar com os filhos ao
nível dos códigos de compreensão destes, para
assim ser também possível permanecer ao seu lado, ao
fim de cada tarde, no âmbito de um curto espaço temporal
de reflexão, aquando da preparação da mochila do
dia seguinte. Ir à escola não é ir ao cinema, à
discoteca ou ao aniversário do amigo... É fundamental a
criação de condições tendentes a fomentar
o desenvolvimento do sentido da responsabilidade, bem como a
interiorização de hábitos de trabalho.
(CONTINUA)
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Querido Zé
ResponderEliminarUm sábio texto!
Quem dera que todos os pais tivessem a oportunidade de ler algo assim e fossem suficientemente conscientes para seguirem os conselhos aqui apresentados.
Infelizmente, o egoísmo e o comodismo imperam!...
Também me enriqueci ao ler.Há sempre tanto para se aprender!
Muitos parabéns pela forma cristalina como tudo expões.
Beijinhos
Mana