Na continuação
da reflexão que iniciámos sob o título de “LUGAR
AO SONHO”, a propósito do conceito de MARAVILHOSO,
apresentado por Pierre Mabille, interrogo: terão
todos os educadores as mesmas e devidas oportunidades, quer ao nível
da sua formação inicial, quer no que diz respeito à
sua formação contínua, ou até mesmo no
que concerne à tipificação arquitectónica
dos edifícios e das salas destinadas à Educação
de Infância, quando se trata de leccionar esses seres
minúsculos, sedentes de amor, descoberta, conhecimento,
fantasia, aventura, maravilha e equilibrada harmonia emocional?
Que de outra maneira,
então, será possível dar lugar ao sonho,
preparar o terreno mais adequado, para que as nossas crianças
consigam sentir o doce e suave embalo das histórias
tradicionais, contadas (não lidas) com entusiasmo, entrega e
empenho, numa atitude eivada daquele poder que só a
expressividade mímica e gestual lhes confere?
Claro, pujantes de ritmo, de
cor, de musicalidade e mágicas varinhas de condão,
sempre prontas a castigar os maus (cada vez os há mais e mais
terríveis) e a premiar os bons, incansáveis na luta
pelo bem e pelo sucesso e remissão dos fracos, indefesos e
oprimidos.
Antes de recomendar
vivamente que se verifique, com carácter de urgência, de
assiduidade e versatilidade, a renovação, em cada semana que passa,
de uma espécie de “HORA DO CONTO”, nas salas
dos jardins de infância e nas do 1.º Ciclo do Ensino
Básico, quero lembrar apenas a dura, nua e crua realidade que
vai fustigando as crianças em idades cada vez mais tenras,
representada também, e na sequência de outros factores a
que aludi em escritos anteriores, pela diluição dessa
insubstituível instituição que dava pelo nome de
Menino Jesus e/ou Pai Natal.
A sociedade de consumo
não satisfeita com o aproveitamento exaustivo e despudorado
que tem vindo a fazer dessa duas figuras do nosso imaginário
infantil, pretende agora, cada vez mais, pura e simplesmente, fazer
deslocar para os paizinhos a autoria e o protagonismo do acto de tudo oferecerem aos filhos, dado que, desta maneira, qualquer dia e
qualquer hora servem para que se consuma. Quanta subtileza, não?!
Mas que “seca”
que era ter de esperar pelo Natal ou pelo dia de aniversário!
Bom, entretanto até se inventou (importou, melhor dizendo) o
dia das bruxas – ou será a noite?! E o Carnaval de Abril
?!!!... Um segundo decalque do carnaval carioca, que ocorre em
algumas regiões de Portugal, depois do Carne Vale
calendarizado. Inaudito! E insultuoso, aquele, porque desvia as
atenções das importantes comemorações do
dia da Revolução de 25 de Abril de 1974.
Com tanta alienação
inconsequente e balofa, não será mesmo possível
sonhar saudavelmente? Não obstante tudo, estou convencido que sim. Seja como for, está
nas mãos dos educadores e dos professores, na medida do
possível, fazê-lo,
por muito que nos custe ou por mais que nos tentem impedir, logo, por
mais difícil que tal nos possa parecer.
´
Querido Ze
ResponderEliminarPor mais que me custe dize-lo, o certo e que nem todos temos a mesma formaçao como educadores, nem temos a mesma qualidade nos espaços onde se passa informaçao aos inocentes.
Mas, nada nos pode tirar, nunca o SONHO!
Isso e uma verdade insofismavel.
Parabens pelo texto, que nos obriga a profundas reflexoes.(Este computador nao acentua.
Fico a aguardar uma visita.Tenho novidades publicadas.
Beijinhos
Mana