sexta-feira, 26 de abril de 2019

ANGOLA, DE MEMÓRIA



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Quero guardar o cheiro a savana no teu corpo
sentir o subtil afago do capim pela manhã
beber o orvalho na folhagem dos teus gestos
vibral no tropel dos corações em delírio

Por entre acácias verdejando
na densidade das fendas ressequidas
pelo sol crepuscular dos batuques
tão presas ainda ao chão dos sentidos
quero guardar o cheiro a savana no teu corpo

Plácida terra que sempre soube de cor
envolve-me no hálito fresco do teu ventre
                                perfumado
na latência cerrada do teu bosque
nos tons e sons da tua seiva
que bebo insaciável
à boca da madrugada
e vem amanhecer
na manta morta do meu corpo


In “O Rumo e o Sonho”, 2001 – Fólio Edições

Manuel Bragança dos Santos

4 comentários:

  1. Adorei ler o seu poema!...
    Devia ter deixado tão gratas recordações, quantas as que guardou.
    O seu amor mesmo que físico, quando o sente, e é evidente na forma como o descreve, é fogo que arde sem se ver, como diz Camões.
    Beijinho, Poeta.

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  2. Belíssimo poema que envolve uma intensa nostalgia, um tanto nítida:
    Plácida terra que sempre soube de cor
    envolve-me no hálito fresco do teu ventre
    perfumado

    Muito bonito, gostei muito.
    beijo

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  3. Um poema brilhante:))

    Bjos
    Votos de um óptimo Domingo.

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  4. O cheiro da savana. Entendo que quem o sentiu não o possa esquecer. Bonita memória de Angola.
    Uma boa semana, meu Amigo.
    Um beijo.

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