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Quem
melhor nos falou, até hoje, sobre os ídolos que povoam
o nosso imaginário simbólico inconsciente (ou
consciente), e a que, por sistema, nos agarramos, ou dos quais
dependemos no quotidiano, terá sido, provavelmente, Francis
Bacon (1561-1626). Para este
filósofo do experimentalismo, a idolatria dá forma às
falaciosas representações genéricas e
abstractas, de que o espírito do sujeito é alvo, na
letra das superstições e das incompreensíveis
tradições que se vão perpetuando, ao longo do(s)
tempo(s).
Para
Bacon,
tudo isto são equívocos que desvirtuam a forma correcta
de ler a Natureza. Por essa razão, preocupou-se em dividir os
ídolos em quatro a saber: os
ídolos da tribo, atinentes à
espécie humana e que deixam supor uma Natureza exacta, de uma
só leitura e opiniões acabadas; geradora de
comportamentos e afectos nefastos, mistificadora dos sentidos e das
vontades, instigadora de abstracções e de cultos
fantasistas omnipotentes, capazes de distorcer, portanto, a
realidade.
Os
ídolos da caverna dizem
respeito ao sujeito, enquanto ser individual, visto que cada um vive
no fosso do seu próprio Eu,
interpretando a luz da Natureza de maneira anaclítica
(refractada). Estes inúmeros ídolos surgem,
especialmente, devido à especificidade subjectiva de cada
corpo-mente indissociável e ao seu respectivo percurso
desenvolvimentista – transgeracional e ambiental.
Os
ídolos do forum, ágora ou mercado
são os que têm a sua génese na
intersubjectividade relacional (comunicacional) dos sujeitos. Estes,
alimentam a presunção de associar aos vocábulos
(significantes), significados falsos, provavelmente, resultantes de
delírios alucinatórios vistos como realidades de
correspondência. Isto, hoje, volta a estar muito presente nas
vidas das massas, dirigidas pelos media,
ao serviço dos mercados.
Por
fim, os ídolos do teatro,
e fica já aqui, a talho de foice, o do inconcebível
acordo (“orto”)gráfico, seja lá o que isso for.
Este e os outros, que são tantos quantas as “seitas
filosóficas”, enfermam da prepotência dogmática
dos detentores do poder e não passam de deploráveis
equívocos, vazios de fundamentação e
demonstração. Segundo Bacon, que assim teria falado
caso ainda hoje fosse vivo, tudo isto acontece, porque as leis e
princípios donde advêm transmigram de cenários
fictícios.
Muito bom, gostei do texto :))
ResponderEliminarHoje:-"A carta" - a esperança é a minha única salvação. {Poetizando e Encantado}
Bjos
Votos de uma óptima Sexta - Feira.
Tudo o que tenho lido e ouvido sobre o AO revela quase sempre posições extremas, a favor ou, mais contra. Mas tenho para mim que uma língua tem o seu próprio dinamismo.
ResponderEliminarGostei da riqueza do texto.
Beijinho, Poeta e bom fim de semana .