quarta-feira, 3 de abril de 2019

TERÁ MOÇAMBIQUE DESPERTADO O MUNDO?


Imagem do Google
O ciclone Idai atingiu o litoral de Moçambique (Beira), no dia 14 de Março de 2019, tendo o vento vergastado o território e as populações com a força de 177 quilómetros por hora. A destruição foi imediata, chocante, aniquiladora; pudemos constatar isso mesmo através dos media. A resposta solidária, vindo de certos partes do globo, nomeadamente de Portugal, foi importante e digna de nota. Mas isso não chega. Que tem sido feito, afinal, para desacelerar as alterações climáticas?! E para chamar a Humanidade à razão, ao entendimento e à coexistência pacífica?!

A miserabilidade predadora do bicho homem tem vindo a ser um dos traços mais característicos da nossa espécie, o que tem determinado a consequente necessidade de desenvolvimento de correntes contrárias, que possam exercer uma espécie de luta, de pressão que faça face àquela inclinação; um remar contra a maré que tem colhido energias a partir de situações de injustiça, descalabro, fome, guerra, destruição e caos. É a outra face do ódio (Neikos) a levar a água ao moinho da solidariedade entre os seres humanos mais perseguidos e seviciados. Este altruísmo (Philia) é de louvar, evidentemente, mas não pode ser levado a efeito de forma desgarrada, descoordenada, intermitente e sem nenhum tipo de critério. Assenta aqui como uma luva o velhinho ditado chinês que refere, mais ou menos, nestes termos: “não dês, a quem tem necessidade, um peixe, ensina-o antes a pescar”.

Quanto a nós, e tendo em linha de conta toda a riqueza que existe em África, é chegada a altura dos governos dos países desse continente começarem a ganhar consciência da sua também responsabilidade na matéria. Deixem de lado o egoísmo e a indiferença exacerbados, as intestinas fricções tribais e a corrupção endémica e, face à caótica situação dos compatriotas, evitem, por um lado, que os mesmos abandonem os seus países de origem, e, facilitem, por outro lado, não só que as instituições de solidariedade de todo o mundo, operem no terreno, mas viabilizem, também, a integração de todos os estrangeiros que possam estar interessados em mudar as suas vidas e famílias para África.

Nesta conformidade, e em profícua parceria com os dirigentes locais, poder-se-á ajudar, efectivamente, as populações mais necessitadas e perdidas, tirando partido do contributo útil e devidamente enquadrado da sua força de trabalho e das suas potencialidades intelectivas, tentando corrigir gradualmente aquilo que ao longo de tantos séculos se foi desvirtuando e descaracterizando. Virar as costas a África não será nunca solução, muito menos quando são os próprios africanos a fazê-lo, agravando, pelo contrário, esta problemática, já de si gravíssima, e toda a complexidade a ela inerente, tornando cada vez mais árduo e seriamente comprometedor o futuro das pessoas mais ou menos envolvidas em todo este candente e redutor marasmo.


5 comentários:

  1. Um tema que mexe muito com o meu coração :((

    Hoje:- O mar tem alma, tem aroma e tranquilidade.

    Bjos
    Votos de uma óptima Quarta - Feira

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  2. Subscrevo totalmente o seu texto. É com grande apreensão que vejo a evolução das alterações climáticas bem como o futuro dos povos atingidos por esta calamidade. Grata pela partilha. Beijinho.

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  3. Olá, Humberto!

    Um excelente e lúcido texto, sem dúvida!

    Moçambique, nossa ex-colónia, precisa de tudo, mas sobretudo de orientação, do tal ditado chinês, que referiu.

    Os africanos, entre si, são racistas e mudar mentalidades leva séculos.

    Um grande abraço.

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  4. Adoro tu idioma y como lo usas y uso traduccción para entenderte gracias

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  5. Gracias por llegar a mi y en mi propio idioma con tan bello comentario
    Eres un gran escritor
    y un conversador de la vida diaria maravilloso
    Abrazos y besos
    abrazos mil

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