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Há
dois ou três anos, foi-nos dado conhecer uma jovem estudante da
Escola Superior de Educação do Porto, numa altura em
que frequentava já o último ano do curso. A Sandra, nos
seus poucos tempos livres, frequentava e frequenta o ginásio
onde também, sempre que possível, tentámos
diluir as nossas tensões laborais e, aí mesmo,
costumámos conversar sobre os vários problemas que
afectam o sistema educativo nacional e sobre as expectativas da
Sandra, face à profissão que começa agora a
desempenhar.
Até aqui, nada de
surpreendente afinal, ou não fosse o excepcional entusiasmo,
autenticamente cenestésico, que esta nova professora coloca em
tudo o que diz quando se refere à sua primeira experiência
profissional que ocorreu durante o último ano lectivo, com um
primeiro ano de escolaridade, numa escola do Norte de Portugal.
Não é por acaso que a
Sandra rapidamente granjeou a simpatia e amizade dos pais das
crianças, a aceitação e carinho dos alunos e a
camaradagem dos colegas, depois de um ano de trabalho aturado,
repleto de sucesso docente e discente.
Esta introdução serve
apenas para que se não perca a esperança na real
dedicação, entrega e empenhamento das novas gerações
de professores, a quem cabe hoje o protagonismo do papel dificílimo,
mas não impossível, da preparação das
crianças que passarão a integrar as novas sociedades em
construção. A Sandra é, pudemos constatar, o
exemplo vivo disso mesmo.
Temos, neste mesmo espaço,
feito referência à ideia de que hoje, e cada vez mais
nos tempos que hão-de vir, as aprendizagens não cessam
com o terminus dos cursos que cada um frequenta, nem com a conclusão
compartimentada de um qualquer conjunto de saberes, conhecimentos ou
competências previstas para uma qualquer acção de
formação.
A educação hoje implica
uma permanente actualização de conhecimentos,
fundamentais no sentido de levar os professores a adquirir confiança
e à-vontade no seu quotidiano lectivo, contribuindo com a sua
perseverança e presença avalizada, a sua envolvência
educacional (psicológica, pedagógica, sociológica,
didáctica), a sua “mestria” formativa e informativa, para
a construção de um clima escolar atractivo para as
crianças, de forma a prepará-las para o futuro,
dotando-as de personalidades responsáveis e actuantes.
O papel do professor, no fundo,
torna-se tanto mais difícil e demolidor, quanto mais aberrante
e distorcida se tem tornado a sociedade... as sociedades... e estamos
a pensar na força da globalização e na sua
inevitável influência. Por esta razão, a tarefa
afigura-se-nos hercúlea. No entanto, o professor terá
de estar preparado para forçar a mudança, advogando as
vantagens da empatia e da tolerância, em contraponto com os
complexos étnicos e culturais de alguns, com a intransigência
antidemocrática de outros, com a ostentação
agressiva de fortunas repentinas e mal explicadas e que constituem,
estas, um autêntico atentado à inteligência e às
dificuldades dos mais carenciados.
O professor tem de apostar, por
conseguinte, na sua capacidade permanentemente progressiva de
inculcar, nos homens e nas mulheres de amanhã, o sentido da
responsabilidade e do trabalho honesto, formando personalidades
impregnadas de valores morais que possam nortear as suas vidas, sem
nunca perderem de vista as vantagens de uma sociedade alicerçada
na paz e na democracia solidária e tolerante.
Evidentemente que depois de todo este
conjunto de exigências, não seria humanamente racional,
pertinente, plausível que não fossem concedidas ao
professor garantias das mais diversificadas, que visem o fomento da
qualidade do ensino e do desempenho profissional docente.
Não é possível
pedir tudo de uma só vez e, nada facultar em troca. Aliás,
não é normal esperar que um professor aja como se de um
“robot” se tratasse. As contrapartidas são deveras
importantes, senão mesmo imprescindíveis e, por isso,
torna-se urgente rever as condições de trabalho, as
remunerações e o estatuto; com vontade política
e sentido factual.
Ser professor é uma tarefa difícil. Por isso só devia exercê-la quem realmente está vocacionado para ele, como acontece com a Sandra que nos descreve. A constante actualização de conhecimentos é fundamental, concordo… Gostei de o ler.
ResponderEliminarUm bom fim de semana.
Um beijo.