quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

NOVOS RUMOS E METAS PARA A EDUCAÇÃO


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     O Século XXI começou já ontem e muitas das realizações, ao nível da educação, que se esperava fossem concretizadas para essa altura, tardam em ser sucedidas. O tempo continua a ser de grandes expectativas e torna-se urgente não contemporizar com contratempos que a destempo do próprio tempo de acção útil e necessária, venham a sacrificar a capacidade de resposta do próprio sistema educativo, nomeadamente no que diz respeito, num âmbito político alargado, a aspectos, não só de feição económica e social, mas também de cariz cultural e ético.

     Quem espera desespera... Quem espera sempre alcança... Conforme rezam os ditados populares; no caso da educação existem demasiados sectores da vida nacional, senão mesmo quase todos, a desesperar e a alimentar, paralelamente, esperanças em demasia, sem que existam contrapartidas palpáveis, no sentido de dotar o sistema educativo das tais defesas vitaminadas que o tornariam forte e bem vivo.

       Embora legítimas, as expectativas das populações, cada vez mais exigentes, podem esbarrar contra a dureza da realidade imposta pela ginástica, também necessária e urgente, das opções económicas e financeiras de um país que tem obrigatoriamente de cumprir um determinado nível de défice e que deve, portanto, definir políticas educativas reformistas, por um lado, mas, por outro lado, ser capaz de estabelecer prioridades, de forma a garantir a estabilidade do sistema e o seu normal funcionamento, alicerçando principalmente a sua base, ao nível da Educação Pré-Escolar e dos primeiros anos de escolaridade fundamental.

      A partir de 1976, a Constituição da República Portuguesa aludia à igualdade de direitos e oportunidades educativas para todos sem excepção, mas, hoje em dia, com o agravamento de dificuldades de todo o tipo e à consequente escassez de recursos, a sociedade tem de, primeiro, se autodisciplinar e, depois, tentar fazer uma reflexão profunda sobre as medidas mais sensatas a tomar, no campo educativo, de forma a permitir o progresso económico, social e cultural sustentado e previsível.

      Não gostaríamos de falar aqui de uma qualquer crise das muitas que, na verdade, afectam o país, mas não podemos deixar de constatar a tão grande contradição que se verifica entre o conjunto diversificado de cursos em que se diplomam os nossos jovens e o número ínfimo de indivíduos realmente preparados para ocupar os empregos que a sociedade hoje (não) tem para oferecer a quem sai das universidades.

     A qualidade e o nível de desenvolvimento intelectual, aliados a uma cuidada preparação das competências profissionais dos recém-diplomados, podem servir as empresas de bens e serviços, o comércio e a indústria, mas não respondem cabalmente às exigências de uma carreira de investigação universitária; da mesma forma, enquanto que ao nível das artes em geral: som e imagem, por exemplo, são exigidos meios muito específicos e dispendiosos, para a aquisição de competências especialíssimas e muito trabalhosas, no que toca à preparação e escolarização das crianças e da sua formação geral, devem ser equacionadas medidas de carácter particular, completamente diferentes daquelas, mas sempre suportadas por verbas que não são nunca suficientes, se quisermos dotar o ensino obrigatório de mais e melhores professores, de mais e melhores instalações e espaços verdes, de mais e melhores recursos, materiais e humanos, de apoio, enfim...

     Nesta medida, e tendo em conta as finalidades da educação, importa repensar a nossa sociedade e até que ponto ela pode ser ou não apelidada de educativa; quais os limites e interdições a que essa mesma sociedade deve estar sujeita, por força dos descalabros que certas franjas de que se reveste têm protagonizado em prejuízo da maioria daqueles que efectivamente trabalham e produzem.

     Vivemos, ainda assim, num estado de direito democrático e, por isso mesmo, pensamos que se impõe, no interesse de todos nós e do desenvolvimento integrado do nosso pequeno rectângulo lusitano, um debate sério sobre esta matéria, no qual participem os mais habilitados e honestamente interessados, depois de arrumadas as ideias e estabelecidos os novos rumos e metas da educação, no nosso país.


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