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É
sabido que os animais comunicam entre si – os da mesma espécie
taxionómica, bem entendido, mas, muito embora possuam as suas
vozes características, interessantes, curiosas e
diferenciadas, não o fazem com aquela acuidade cognitiva e
conceptual que é apenas apanágio do Homem. Este é
dotado de consciência alargada, memória e inteligência
superior, com tudo o que isso representa; aqueles dispõem
apenas de consciência nuclear, memória residual e
inteligência reduzida e variável.
A
espécie humana é composta por criaturas que integram,
cada uma delas, matéria e espírito. Em sânscrito,
homem significa mediador, isto é, a mente que tudo mede, tudo
pondera e decide, ou não, para o Bem e para o Mal. Por isso,
os homens não se medem aos palmos, o que significa ainda que a
sua força interior é mil vezes superior à sua
massa corpórea. Nesta conformidade, cada ser humano encerra em
si próprio, no tesouro da sua mente, a extraordinária
capacidade de pensar, de sentir, de se emocionar, de sonhar e
imaginar, de alimentar expectativas e afectos, sejam eles de aversão
ou de atracção, de cultivar desejos, anseios ou
decepções.
Esta
determinação superior (filosoficamente, entendida como tal), colocada à disposição
do Homem, consubstancia-se através do domínio da
linguagem, em interacção com o outro, depois de ter
entrado na ordem da linguagem que o precede e lhe baliza os desejos
primários, transformando-o em ser social. Se este processo de
aprendizagem e crescimento mental não for bem sucedido,
gerar-se-ão, ao nível do subconsciente, emoções
degenerativas (somatopsícóticas), manifestamente
tóxicas para o indivíduo e para quem o rodeia. Assim, é
importante o discernimento entre o Bem e o Mal, para sermos capazes
de criar e de construir, através do raciocínio
emocional positivo, tudo quanto
acreditarmos, in-ti-ma-men-te, com
fé e esperança, invertendo e inviabilizando todo o
sofrimento desnecessário.
Já
aqui reflectimos sobre o inconsciente colectivo-transgeracional,
enquanto fenómeno psicossocial-transversal (Jung), portanto,
algo a que todos estamos sujeitos. Trata-se de uma espécie de
reservatório mental inconsciente que vai acumulando todo o
tipo de lixo tóxico, em quantidade e rapidez, tanto mais
perigosamente (para além do nosso passado colectivo), quanto mais omnipotente, omnisciente e omnipresente se
têm tornado (no momento actual) as novas tecnologias e a voracidade dos mercados, o
despudor dos interesses instalados, a desfaçatez dos
políticos, o açaime dos imperialismos.
Agora,
que vai ter início o ano de 2019 fica esta nossa
despretensiosa mensagem de Ano Novo: saibamos seleccionar os objectos
de eleição, mantendo uma mente limpa e activa em um
corpo vigoroso e saudável (mens
sana in corpore sano -- Juvenal), e, como
defendia Platão,
citado por Mark Vernon (1966-....):
através do domínio da linguagem e com amizade, “as
pessoas podem explorar abertamente as complexidades das suas vidas e
como se relacionam com as suas convicções, os seus
sentimentos, as suas esperanças e o seu carácter”,
surgindo, assim, “novas maneiras de compreender e avaliar o mundo”
(Vernon, 2011, p. 41).
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